O secretário de Estado da Energia considerou hoje que o risco de um apagão eléctrico é mínimo, apesar da ameaça da Endesa e da EDP. Em causa está o fim dos apoios às centrais térmicas.
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As empresas fizeram a ameaça do apagão e alertaram para um aumento de 30 pro cento na tarifa do gás natural em 2013, tendo em conta a intenção do executivo de acabar com os apoios às centrais térmicas.
O Governo, no entanto, não parece preocupado. O secretário de Estado na Energia defendeu, esta sexta-feira, que a garantia de potência, a renda que o Estado paga às centrais pelos dias em que estão paradas, até deve existir, mas para novos projectos.
«Não faz sentido ter um custo ligado a uma garantia de potência, que é o instrumento que foi encontrado, para garantir a rentabilidade de investimentos que estão no mercado e que têm o seu próprio risco, para assegurar a rentabilidade de investimentos que foram feitos anteriormente», justificou.
Henrique Gomes entende a posição da EDP e da Endesa, que admitiram um apagão caso o Governo avance com alterações à garantia de potência, mas é claro na intenção do exeutivo em relação à renda atribuída às empresas.
«A nossa ideia é que devem perder ou atenuar significativamente essa garantia da potência», acrescentando que a ameaça das empresas «é uma preocupação legítima».
O secretário de Estado defendeu ainda que a garantia de potência tem de ser adaptada às necessidades do mercado, sublinhando que o risco de apagão é diminuto, até porque a rede ibérica é uma rede forte.
Ao todo, a Endesa e a EDP no ano passado encaixaram 60 milhões de euros com esta renda paga pelo Estado.
Já esta tarde, Nuno Ribeiro da Silva, presidente da Endesa, reafirmou a ameaça e lembrou que pode existir uma fuga para Espanha.
«É óbvio que se Portugal reduz algo que, sublinho, é negligenciável em termos dos custos de produção de electricidade, o que vai acontecer é que as empresas eléctricas não vão fazer centrais em Portugal mas em Espanha», alertou.
«O retirar a garantia de potência, falo pela minha empresa, significa retirarmos da rede os grupos de gás que construímos em Portugal e não avançarmos com a construção de barragens. Penso que não é a melhor notícia para o país», acrescentou o presidente da Endesa.
Pela EDP Distribuição, o presidente João Torres foi hoje mais suave na sua posição, referindo que «convém esperar», acreditando que serão «encontradas soluções para resolver as questões do ponto de vista contratual e comercial».