"Governo preocupa-se mais em investir na guerra." Trabalhadores dos espetáculos e do audiovisual marcam greve para 20 de setembro
Em declarações à TSF, o dirigente sindical Rui Galveias diz que o pacote laboral com "medidas aterradoras" apresentado pelo Governo acentua ainda mais as dificuldades sentidas pelos trabalhadores da Cultura, que vivem atualmente uma "situação de precariedade gravíssima"
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Os trabalhadores dos espetáculos e do audiovisual vão fazer uma greve de 24 horas a 20 de setembro por aumentos salariais e para participar na jornada nacional de luta, segundo um pré-aviso sindical.
De acordo com o pré-aviso do Sindicato dos Trabalhadores de Espetáculos do Audiovisual e dos Músicos, CENA-STE, a greve abrange todo o trabalho, em todos os turnos, em território nacional, com início e fim no dia 20 de setembro.
O aviso abrange todos os trabalhadores do setor dos espetáculos e do audiovisual para participação na jornada de luta, contra o pacote laboral, convocado para dia 20 de setembro pela CGTP-IN.
Estes trabalhadores vão participar para reclamar aumentos salariais e direitos e manifestar-se contra o aumento do custo de vida e a defesa dos serviços públicos e das funções sociais do Estado.
“O recuo no ataque generalizado aos direitos e revogação das normas gravosas da legislação laboral”, são outras das reivindicações dos trabalhadores.
O Sindicato refere no pré-aviso de greve que não existem serviços de natureza urgente e essencial durante o período da paralisação, pelo que “não se prevê a sua existência, nem se avança qualquer proposta para a sua organização”.
A CGTP convocou para 20 de setembro manifestações em Lisboa e Porto contra o anteprojeto de revisão da legislação laboral, apelando à mobilização dos trabalhadores contra o que diz ser “um assalto aos direitos” e uma “afronta à Constituição”.
“Perante a gravidade dos conteúdos e a calendarização do Governo, com reuniões já marcadas para o próximo mês, a CGTP-IN considera fundamental avançar com o esclarecimento dos trabalhadores e com a realização de uma jornada de luta em setembro, marcando a rejeição do pacote laboral e a mobilização e ação para o derrotar”, segundo o secretário-geral da CGTP, Tiago Oliveira.
Para a CGTP, o anteprojeto do Governo para revisão da legislação laboral “ataca um conjunto alargado de direitos”, contendo, nomeadamente, propostas que “visam a perpetuação e agravamento dos baixos salários, promovem a desregulação dos horários, multiplicam os motivos e alargam os prazos para os vínculos precários, facilitam os despedimentos e limitam a defesa e reintegração dos trabalhadores”.
De acordo com o líder da CGTP, de forma a permitir a participação dos trabalhadores nas manifestações previstas para Lisboa e Porto, serão emitidos pré-avisos de greve vários setores de atividade.
O anteprojeto de reforma da legislação laboral aprovado pelo Governo, que está a ser negociado com os parceiros sociais, prevê a revisão de “mais de uma centena” de artigos do Código de Trabalho.
Cultura vive "situação de precariedade gravíssima"
Rui Galveias, coordenador do sindicato CENA-STE, diz na TSF que o pacote laboral com "medidas aterradoras" apresentado pelo Governo acentua ainda mais as dificuldades sentidas pelos trabalhadores da Cultura, que vivem atualmente uma "situação de precariedade gravíssima".
O pré-aviso de greve pretende sobretudo, prossegue o dirigente sindical, que os trabalhadores participem nas "duas grandes" manifestações já marcadas pela CGTP para o mesmo dia.
Isso seria importante para "marcar uma posição forte contra o pacote laboral e chamar a atenção para um Governo que se preocupa mais em gastar 5% do PIB em armamento do que ter um posicionamento para a paz: tem pacotes para cortar direitos, orçamentos mínimos para funções vitais do Estado e para as pessoas que trabalham em Portugal".
