Governo preocupado com impacto do Brexit em Portugal. "Vivemos num limbo", admite MNE
Em declarações à TSF, Augusto Santos Silva admite que os setores do turismo, têxtil e automóvel serão os mais afetados. Estudo revela que exportações portuguesas podem cair até 26%.
Corpo do artigo
O ministro dos Negócios Estrangeiros admite estar preocupado com o limbo nas relações económicas entre Portugal e o Reino Unido devido ao Brexit. Em declarações à TSF, Augusto Santos Silva diz estar consciente das consequências que a saída do Reino Unido da União Europeia poderá ter na economia portuguesa.
"A minha maior preocupação é, neste momento, vivermos numa espécie de limbo, num estado de suspensão", confessou o ministro. "O facto de o tempo estar a consumir-se sem haver um acordo de saída cria mais preocupação porque torna possível um cenário de saída sem acordo - que seria o pior dos cenários - e, ao mesmo tempo, limita que Estados-membros como Portugal possam tratar do seu relacionamento bilateral".
TSF\audio\2018\10\noticias\31\augusto_santos_silva_maior_preocupacao
Augusto Santos Silva explica que, nesta altura, não é possível a Portugal fazer quaisquer negociações com Reino Unido para manter relações económicas após o Brexit, uma vez que ainda não terminaram as conversações do país com a União Europeia.
"Até março de 2019 não podemos fazer negociações bilaterais. A única negociação que está a ser feita é aquela que é conduzida pelo nosso negociador europeu, o sr. [Michel] Barnier, em nome de todos nós, os 27 [Estados-membros]", esclareceu o ministro das Negócios Estrangeiros.
A saída do Reino Unido da União Europeia pode levar a uma queda das exportações portuguesas entre 15% a 26%, segundo um estudo promovido pela CIP - Confederação Empresarial de Portugal , divulgado esta quarta-feira.
Augusto Santos Silva mostra-se consciente dos setores e das regiões que podem ser mais educadas na economia portuguesa pelo Brexit.
TSF\audio\2018\10\noticias\31\augusto_santos_silva_importancia_do_es
"No que diz respeito ao Turismo, é na Região Autónoma da Madeira, no Algarve e também na Área Metropolitana de Lisboa que devemos concentrar mais a nossa atenção. Sabemos que, no que diz respeito a bens, é mais a Norte, no Entre Douro e Minho, que os efeitos podem ser mais preocupantes. O nosso setor automóvel e de componentes para automóveis pode ser um dos mais prejudicados com a saída", constatou o ministro.
De acordo com o estudo, os efeitos do Brexit na economia portuguesa "podem ser muito significativos, tendo em conta que o Reino Unido é o 4.º mercado de destino das exportações portuguesas de bens e o primeiro das exportações de serviços".