O governo espanhol previu hoje um défice de 8% para 2011, 2 pontos percentuais acima do alvo previsto de 6%, e aprovou diversas medidas de austeridade.
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«O défice é superior, de maneira muito substancial», disse a vice-primeira-ministra espanhola, Soraya Sáenz de Santamaría, em conferência de imprensa após a reunião de conselho de ministros que aprovou as novas medidas de austeridade
«Os números são muito mais elevados do que aqueles que tinha sido comunicados e do que aqueles a que o anterior governo se tinha comprometido», acrescentou.
As primeiras medidas de austeridade do novo executivo do Partido Popular, liderado por Mariano Rajoy, que substituiu os socialistas de José Luis Rodríguez Zapatero, depois dos populares terem vencido, com maioria absoluta, as eleições legislativas de 20 de novembro estão a ser anunciadas hoje.
O conselho de ministros de hoje decidiu também aumentar os impostos de quem tenha maiores rendimentos, nos próximos dois anos, para além de reduzir, em 20 por cento, os subsídios aos partidos políticos, sindicatos e organizações empresariais, numa poupança de 85 milhões de euros, de acordo com a responsável governamental.
Sáenz de Santamaría anunciou também uma redução das estruturas administrativas do Estado central, nomeadamente uma redução de 18,9 por cento no número de subsecretários e diretores-gerais, que deverá representar uma redução de 30 cargos de diretor-geral.
O governo anunciou também a extensão, por seis meses, da ajuda de 400 euros aos desempregados que frequentem ações de formação e já não tenham direito a subsídio de desemprego.
Soraya Sáenz de Santamaría confirmou também que os funcionários públicos verão, em 2012, os ordenados congelados, no âmbito das medidas de austeridade.
«Manteremos o congelamento que já estava definindo no Orçamento do Estado para 2011», afirmou a responsável, depois do segundo conselho de ministros da nova legislatura, onde o governo definiu também que os funcionários que deixem de trabalhar para o Estado não serão substituídos, à excepção dos serviços de saúde e das forças da ordem.
«Face a esta situação extraordinária e não prevista é necessário adoptar medidas extraordinárias e não previstas», acrescentou Soraya Sáenz de Santamaría
Na mesma conferência de imprensa, Cristóbal Montoro, ministro das Finanças, disse que o Ministério do Fomento sofrerá os maiores cortes (1,614 mil milhões de euros), seguido do da Indústria (1,091 mil milhões) e da economia (1,083 mil milhões) e dos Negócios Estrangeiros (1,016 mil milhões de euros).
Em 2012, Espanha, para cumprir o objetivo de redução do défice em 4,4 por cento, terá de realizar cortes no valor de 16.500 milhões de euros.
O novo governo de centro direita prometeu reformas económicas para tentar voltar a fazer crescer o país e reduzir o défice e a dívida do Estado, com os mercados pressionarem os títulos de dívida espanhola, sendo a prioridade reduzir a taxa de desemprego, a mais alta dos países industrializados, atingindo os 21,5 por cento.