Ministra diz que leite nos hipermercados está com preços demasiado baratos que podem ser a ruína do sector leiteiro português. Governo vai a Bruxelas pedir medidas de apoio e promete promover o consumo de leite "made in Portugal".
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O Ministério da Agricultura vai avançar com um plano nacional de apoio para o sector do leite. O governo admite que o fim das quotas europeias, desde abril, afetou gravemente os produtores portugueses.
A ministra, Assunção Cristas, diz à TSF que o preço do leite nos hipermercados portugueses está abaixo do sustentável: "se formos às grandes superfícies vemos preços baixíssimos (45 ou 47 cêntimos) que não são sustentáveis e que só existem pagando muito pouco aos produtores, o que significa a condenação de um sector".
Perante o embargo russo e o fim dos limites à produção (quotas) que existiam nos países europeus, a Ministra da Agricultura admite que são sérias as dificuldades sentidas pelos produtores nacionais.
Com o objetivo de chegar a propostas conjuntas, Cristas reúne esta sexta-feira em Madrid com os responsáveis da agricultura de Espanha, França e Itália.
A governante explica que uma das medidas que Portugal vai pedir a Bruxelas é a criação de um sistema que compense o fim das quotas, pagando mais aos produtores para que armazenem o leite em excesso quando os preços estão demasiado baixos.
A nível nacional, o governo promete também 12 medidas para travar a queda nos preços. Entre elas, aumentar o consumo através de uma campanha de promoção dos laticínios nacionais e dos seus benefícios, algo que será promovido em conjunto com as empresas do sector.
Outra aposta do ministério é reforçar a exportação de leite português e a sua divulgação no estrangeiro. No início de setembro, por exemplo, os produtores vão receber em Lisboa o maior distribuidor chinês de produtos alimentares.
Contactado pela TSF, Carlos Neves, presidente da Associação de Produtores de Leite de Portugal , é muito positiva uma posição comum em Bruxelas porque pode acabar com o que diz ser as desiguldades que existem no setor a nível europeu.
" O fim das quotas leiteiras foi um sonho ao longo dos últimos anos dos países do norte da Europa, que estavam com expectativa para exportação. O plano saiu furado com o embargo russo e as quebras de improtação da China. Mas demoram a reconhecer e vai ser necessária uma posição de forças para equilibrar forças na Europa. É bom que os países afinem posições para defender os produtores. A Europa está a ser muito pouco solidária, o fim das quotas foi como que uma nacionalização da agricultura e é cada um por si".
O presidente da Associação de Produtores de Leite sublinha que Portugal tem que correr muito para conseguir recuperar os prejuízos, mas ainda assim diz que mais vale tarde do que nunca.
"Daquilo que tem acontecido na Europa, o que nos parece mais significtaivo foi o que aconteceu em França, o acordo entre distribuição e industria, com um preço de 34 cêntimos por litro de leite, para cobrir os curtosto de produção. Isso é que era o mais importante, era conseguir que fosse pago um preço ao produtores. Os produtores estão a endividar-se, alguns fecharam. Para alguns casos este plano pode ser tardio, temos que correr muito para recuperar o prejuizo".