O secretário de Estado das Infraestruturas afirmou que o Governo tudo fez para negociar com os trabalhadores da Infraestruturas de Portugal, mas que estes declinaram a proposta.
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"Num ano em que se está a negociar o acordo de empresa, estávamos disponíveis para apresentar propostas para sentar à mesa, a pedido de alguns sindicatos, em dar um valor adicional de 240 euros e isso não foi aceite, temos de fazer as negociações com o que temos", frisou Guilherme W. d'Oliveira Martins aos jornalistas.
Segundo o secretário de Estado, o descongelamento de carreiras refletido no Orçamento do Estado para 2018 "já contempla valores que vão ser pagos aos trabalhadores", adiantando tratar-se de dez milhões e meio de euros destinados à Infraestruturas de Portugal (IP), "o que corresponde, em média, a 2.500 euros por trabalhador".
"Está tudo em aberto", disse o governante quando questionado se as negociações com os sindicatos são para se manter, lembrando que uma coisa é "falar de valores para sentar à mesa, outra é sentar à mesa para negociar os termos de um acordo de empresa", reconhecendo que a negociação "requer trabalho" e "cedência de parte a parte".
Guilherme W. d'Oliveira Martins adiantou que no sábado o Governo apresentou "uma proposta adicional de mais 240 euros ano por trabalhador, que acresce à medida já assente no Orçamento do Estado", mas não foi aceite pelos sindicatos que não apresentaram qualquer proposta ou cedência.
"Nesse sentido, não entramos em negociações, a proposta foi recusada", explicou, lembrando que este ano está a ser negociado o acordo de empresa da empresa.
A Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans) considerou que o Governo e a administração da IP "fugiram" a um acordo, no sábado, aquando da reunião que decorreu no Ministério do Planeamento e das Infraestruturas, com os representantes do Governo, da IP e sindicatos.
Segundo a Fectrans, após várias propostas e contrapropostas de aumentos, ficou acordada uma valorização salarial de "20 euros durante 11 meses e 25 euros no último mês, sendo este valor a integrar a tabela salarial em janeiro próximo, mas pago durante 14 meses".
Porém, "ao passar ao papel a discussão que estava efetuada, fomos confrontados com uma proposta de redação pouco clara, nomeadamente, não se assumia sem sombra de dúvidas o valor de 25 euros a transitar para a tabela, não se assegurava a garantia de aplicação do futuro Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) aos trabalhadores com vínculos à função pública, por fim, para compensar os trabalhadores da diferença, propuseram que estes passassem a ter mais uma dispensa, mas com perda e renumeração, o que neste ponto se tornou inaceitável", garantiu a Fectrans.
A CP - Comboios de Portugal garantiu que cumpriu 63% da circulação prevista até às 12h00, tendo sido suprimidos 215 comboios a nível nacional, resultado da greve dos trabalhadores da IP.
As ligações onde a paralisação está a ter um maior impacto são as de longo curso e regionais, disse a porta-voz da CP, Ana Portela.
No total, foram realizadas durante este período 369 ligações.
Os trabalhadores da IP cumprem esta segunda-feira um dia de greve, sem que haja serviços mínimos para os comboios de passageiros.