Sérgio Monteiro desfaz as dúvidas: privatização da TAP dá lucro mas vai ser curto. E deixa um aviso a Efromovich: se a proposta não for boa o negócio é anulado
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A possibilidade de congelar a privatização está prevista no caderno de encargos, e o secretário de Estado dos Transportes assegura que vai mesmo acioná-la se a isso for obrigado. Em entrevista à TSF e Dinheiro Vivo, Sérgio Monteiro assegura que a operação vai dar lucro, nem que para isso tenha de fazer recuar o processo à estaca zero.
Depois de Fernando Pinto dizer que a TAP pode esperar mais um ano pela entrega a privados, o secretário de Estado vai mais longe: «Um ano ou até mais. Temos estado em contacto com a gestão da TAP. A empresa tem valor e pode ter mais. O Governo não considera a venda inevitável mas considera-a muito importante».
Operação vai dar «algum encaixe»
A venda, diz Sérgio Monteiro, dará «algum encaixe. As previsões apontam para que exista algum encaixe, pouco significativo, mas para que exista algum».
A previsão do secretário de Estado dos Transportes surge depois de se terem gerado dúvidas sobre o lucro que a operação pode dar ao Estado, já que o passivo da transportadora é de 1,2 mil milhões de euros e a proposta do candidato único German Efromovich poderia cobrir apenas esse valor.
O secretário de Estado dos Transportes assegura ainda que mesmo que a venda não aconteça, a outra privatização ligada à área dos transportes aéreos - a da ANA aeroportos de Portugal - não será afetada.
Transportes: racionalização é feita em nome dos contribuintes e não para atrair privados
O Governo espera concessionar os serviços de metro e de autocarros de Lisboa e do Porto até ao final de 2013, mas no espaço Tudo é Economia, Sérgio Monteiro garante também que a racionalização do sector público de transportes, que já implicou a saída de 3 mil trabalhadores, «não é para tornar o negócio mais atrativo para os privados. Não é justo que o país inteiro pague impostos para que empresas de Lisboa e do Porto prestem este serviço».
Os contratos de concessão dos metros e autocarros de Lisboa e do Porto, que acontecem no próximo ano, vão ter uma duração de 10 a 15 anos.
PPPs e o eventual conflito de interesses: «o objetivo era o mesmo»
Sérgio Monteiro rejeita que haja um conflito de interesses por estar agora, enquanto governante, a renegociar contratos de parcerias público-privadas cujo financiamento ajudou a obter enquanto responsável do banco de investimentos da caixa geral de depósitos: «O objetivo era o mesmo. A minha missão no Caixa BI era coordenar uma equipa que fazia a estruturação das operações de financiamento. A decisão política e o lançamento do concurso eram feitos muito antes. Competia aos coordenadores encontrar o custo mais baixo possível. Sem a intervenção da CGD o custo para os contribuintes seria muito maior».
Governo PS tinha dados para saber que o resgate se tornaria inevitável
Sérgio Monteiro acusa ainda o governo de José Sócrates de, a partir de 2008, altura em que se assinaram vários contratos de PPPs, ter nas mãos dados suficientes para saber que o país ia precisar de um resgate: «Acredito que os membros do governo estavam a fazer o melhor. Mas resultava com a informação que havia que o resultado seria este [o resgate financeiro]. Não estavam a resultar um conjunto de medidas, as receitas não estavam a acontecer e os encargos que vinham aí eram demasiado grandes para os orçamentos».
Excertos da entrevista a Sérgio Monteiro no espaço Tudo é Economia, uma parceria TSF-Dinheiro Vivo que pode escutar na íntegra a partir das 13h00 deste sábado.