Governo volta a atacar Banco de Portugal: "não pode ser só um escritório do BCE"
Governo critica duramente o regulador: "fala mais do que faz", disse secretário de Estado na comissão do Banif. Mourinho Félix garante que o governo Passos quis adiar tudo até às eleições.
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O secretário de Estado Adjunto do Tesouro e Finanças volta a atacar o Banco de Portugal. Ricardo Mourinho Félix, que responde aos deputados na comissão parlamentar de inquérito à resolução do Banif apela a uma maior coordenação entre regulador e governo, garantindo com isso que não quer com isso colocar em causa a "independência dos supervisores", mas sim apelar a "que essa independência seja utilizada no âmbito para o qual foi definida".
Mourinho Félix considera que "a supervisão foi feita para que o governo possa dar indicações quer à autoridade de política monetária quer ao supervisor financeiro e não para que o supervisor financeiro seja uma espécie de escritório de Lisboa do Banco Central Europeu, o que é inaceitável dado que é uma autoridade portuguesa".
E quanto às responsabilidades de supervisão do regulador, que desde há muito garante que faz uma supervisão intrusiva (Carlos Costa afirmou-o mais uma vez há semanas, nesta mesma comissão), o governante afirma que lhe parece "importante que a supervisão assuma definitivamente uma atitude intrusiva e proativa. Em 2011 começou a falar-se muito em supervisão intrusiva mas penso que se falou mais do que se fez porque essa supervisão intrusiva até agora não teve efeitos práticos visíveis".
Maria Luís quis adiar solução para o Banif
Mourinho Félix considera que o governo anterior quis adiar a procura de uma solução para o Banif logo a partir do final de 2014. Nesse momento, "começa um conjunto de processos dilatórios que termina nas eleições de 2015. Há um conjunto de cartas que vai adiando este processo até que se chega às eleições", afirmou. "Há claramente a intenção de nada fazer até às eleições, garantiu o secretário de Estado.