"Greve é liderada por lunáticos." ANTRAM garante que requisição civil tem efeitos imediatos
O presidente da ANTRAM garante que serviços mínimos não estão a ser garantidos e aponta o dedo a quem está a liderar a greve.
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Gustavo Duarte, presidente da ANTRAM, garante que a afirmação do sindicato sobre a a requisição civil apenas ter efeitos daqui a 48 horas não é verdadeira.
"Está a ser montada uma estratégica de comunicação completamente errada aos nossos colaboradores de que isto é tudo ilegal, existe uma requisição civil acionada e aprovada. Essa requisição civil é clara [e diz] que no dia 16, 17 e 18 as escalas são feitas pelas empresas e são de aplicabilidade imediata", garante o responsável.
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O presidente da ANTRAM garante que "as pessoas que estão nesta greve estão a ser lideradas por lunáticos" e assegura que estão ilegalidades em causa.
"Não estão a ser assegurados os serviços mínimos a hospitais, ainda que digam que sim, não saiu um camião ou um veículo para abastecer seja o que for porque estão a fazer boicote nas refinarias, não deixam entra camiões nas refinarias e estão a ameaçar verbal e fisicamente pessoas que querem trabalhar", revela Gustavo Duarte.
ANTRAM "desmistifica" salários dos motoristas
A greve de motoristas de matérias perigosas levou a Associação Nacional de Transportadores Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) a "desmistificar valores salariais dos motoristas", desmentindo o Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e assegurando que estes motoristas não ganham o salário mínimo nacional.
Em comunicado, a ANTRAM revelou que esteve reunida com representantes do Governo e outras entidades, esta segunda-feira, para analisar a situação, tendo sido solicitada uma negociação. Porém, a associação só considera sentar-se à mesa com o sindicato quando forem cumpridos os serviços mínimos e após o fim da greve.
As reivindicações apresentadas pelos grevistas levaram à desmistificação dos "termos salariais", reiterando que "não é verdade que os motoristas afetos a este tipo de transporte se encontrem balizados pelo salário mínimo nacional".
Dando como exemplo o "condutor de uma viatura com peso bruto inferior a 44 toneladas e superior a 7,5 toneladas" - "conjunto trator e semirreboque mais comum" -, a ANTRAM fala num salário global, ainda sujeito a impostos e contribuições para a segurança social, de "1294,06 euros". Neste valor está a remuneração base, o complemento salarial, uma "diuturnidade por cada três anos de antiguidade, com um máximo de cinco, cada uma no valor de €16,00", remuneração por trabalho noturno, subsídio de risco e horas extra.
Ao valor em causa acresce o ainda um valor de ajudas de custo para compensar despesas de pequeno-almoço ou ceia, "caso se encontrem deslocados a essas horas". "Convém, também, referir que o trabalhador que preste qualquer período de trabalho aos sábados, domingos ou feriados, tem direito a auferir o dobro destes valores ao dia, independentemente do número de horas trabalhado", reforça o comunicado.
"Por tudo isto, assumindo o exemplo típico de um trabalhador que, sendo casado, com dois filhos menores e cuja mulher não aufira rendimentos, num mês que realize 22 dias de trabalho, 12 dos quais com deslocações que implicam dormida deslocado e 10 dias com pequeno-almoço e almoço deslocado, auferirá, no mínimo, os seguintes montantes: valor com descontos: € 1.294,06 - 11% Segurança Social - 7,3% de IRS retido: 1.057,24 euros; valor de ajudas de custo: (21 euros x 12 dias) + (10,75 euros x 10 dias) = € 359,50. No fundo, um motorista como o acima referido, auferirá um valor líquido, resultante do trabalho e que visa custear a sua alimentação, de 1416,74 euros", assegura a ANTRAM.
A associação refere ainda que "em caso de doença ou acidente de trabalho" os valores são de 1294,06 euros "e não o valor do vencimento base, pelo que, a título de indemnização, aqueles trabalhadores auferem sempre verbas líquidas superiores a 700 euros mesmo nos primeiros 30 dias em que a Segurança Social apenas realiza um pagamento de 55 por cento da remuneração de referência, valor idêntico para todos os trabalhadores de Portugal".