Greve nos bares dos combios da CP com 98% de adesão: silêncio do Governo levanta "questões" sobre proximidade à Spinumviva

Pedro Correia (arquivo)
Em declarações à TSF, o porta-voz dos trabalhadores em Lisboa, Luís Baptista, dispara críticas na direção do Governo por se manter "em silêncio" sobre este assunto: "Esperemos que isto não seja também uma troca de favores"
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O Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Sul garante que está a ser "esmagadora" a adesão dos trabalhadores à greve nos bares dos comboios de longo curso da CP - Comboios de Portugal.
O protesto, que começa esta quinta-feira, por tempo indeterminado, inclui uma vigília permanente nas estações de Santa Apolónia, em Lisboa, e Campanhã, no Porto.
Em declarações à TSF, o porta-voz dos trabalhadores em Lisboa, Luís Baptista, estima que os valores da adesão à greve sejam de 98%, às 09h00 desta quinta-feira.
"A adesão vai ser esmagadora. Praticamente a totalidade dos trabalhadores efetivos não virão trabalhar", assinala.
O sindicalista destaca que a CP "não pode continuar a colocar-se fora do problema" e justifica assim as vigílias públicas.
"É a CP que paga quase 14 milhões de euros por dois anos e 9 meses para assegurar este serviço - porque não o quer fazer, então entrega a privados - e a CP não pode continuar a lavar as mãos e não ser também ela parte da solução", entende.
O sindicato explica que o novo concessionário, ITAU, responsável pelo serviço de refeições dos bares dos comboios de longo curso Alfa Pendular e Intercidades, "recusa-se a cumprir o acordo de empresa (AE) em vigor aos trabalhadores".
E dispara críticas na direção do Governo por se manter "em silêncio" sobre este assunto.
"Coloca-se a questão se isso terá que ver ou não com o facto de ser ela própria [a ITAU] cliente da Spinumviva, que é a empresa do senhor primeiro-ministro. Esperemos que isto não seja também uma troca de favores", atira.
Luís Baptista reforça assim que existe um acordo de empresa que "não está a ser cumprido". "Nós devíamos estar a cumprir neste momento as 35 horas de trabalho semanal. A ITAU não está a respeitar. Devíamos ter um acréscimo do trabalho prestado ao sábado e ao domingo de 25%, que a ITAU também não está a pagar. Devíamos ter tido uma atualização do subsídio de alimentação em 2025, que a ITAU não está a pagar. Devíamos ter também uma atualização das diuturnidades e uma atualização das ajudas de custo para quem dorme fora e a ITAU também não está a pagar", denuncia, completando que estes não foram os valores que constam do acordo da empresa em 2025.
O sindicato exige "escalas de horários que respeitem a carga horária de oito horas diárias e de 35 horas semanais", o pagamento do "trabalho ao sábado e domingo com um acréscimo de 25%" e do "subsídio de refeição diário de 11,50 euros e 13 euros".
A estrutura sindical quer ainda o pagamento das diuturnidades no valor de 20 euros cada e dos prémios de responsabilidade e subsídio de transporte.
