"Há apenas um ano em que há uma descida do saldo orçamental" no programa eleitoral do PS
Na Manhã TSF, Manuel Caldeira Cabral também falou sobre as tarifas impostas por Donald Trump e aponta que a União Europeia vai sofrer com as consequências, mas tem uma oportunidade para ocupar o espaço deixado pelos Estados Unidos noutros mercados
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Manuel Caldeira Cabral, antigo ministro da Economia, considera que o programa eleitoral do PS não irá destabilizar as contas públicas e aponta que o impacto mais negativo será em 2027, mas depois o saldo orçamental prossegue estável.
"Com o saldo orçamental, há apenas um ano em que há uma descida do saldo orçamental, que é o próximo. Isso tem a ver com a execução do PRR. A execução do PRR tem de ser acelerada e, de facto, em 2026 é um ano pesado do PRR e é uma comparticipação nacional. Quando se calcula, sem esse impacto do PRR, mesmo em 2026, o saldo é positivo. Mas o que se está a falar é de um saldo negativo abaixo de 1%, o que está previsto é de menos 0,4 e logo em 2027 voltar a um saldo nulo e terminar até o mandato com um saldo de 0,1. O aumento da despesa e a diminuição da receita em casos concretos e contidos é perfeitamente acomodado com a manutenção de contas públicas positivas no cenário de crescimento económico", explica o antigo governante socialista.
Em direto na Manhã TSF, Manuel Caldeira Cabral também abordou as tarifas comerciais impostas por Donald Trump: "É preciso ter alguma prudência sobre a evolução da economia. A economia europeia está em alguma recuperação e com os investimentos do PRR que estão em curso em vários países, deverá continuar a crescer, mas não ficará isenta a uma diminuição do crescimento nos Estados Unidos."
Ainda assim, o antigo ministro vê uma oportunidade para a União Europeia ocupar a vaga deixada pelos Estados Unidos da América noutros mercados.
"Penso que a economia europeia deve neste momento virar-se mais quer para as economias asiáticas, quer para implementação e concretização de acordos comerciais com a América do Sul e com a América Central. Deve aproveitar o espaço que os Estados Unidos estão a deixar livres nessas economias, porque os Estados Unidos estão a colocar tarifas a esses países. Esses países também vão colocar tarifas aos Estados Unidos e, nesse aspeto, as exportações europeias têm aqui uma oportunidade interessante e o investimento também da União Europeia. Eu penso que a União Europeia deve reagir, tentando conquistar o espaço que os Estados Unidos, por uma política errada, estão a deixar vazio", argumenta.