Francisco Louçã defende que é preciso confirmar e investigar muito bem o ataque com armas químicas, alegadamente perpetrado pelas forças do regime de Assad e as forças da aliada Rússia.
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No espaço de comentário semanal na TSF, "A Opinião", o antigo líder do Bloco de Esquerda sublinhou a necessidade de uma investigação séria e independente ao caso do alegado ataque com armas químicas, na Síria.
Louçã lembra que a Síria tem sido palco de muitas complicações há anos - desde a imposição de um regime autoritário, passando por várias intervenções terroristas, até a sua consolidação como espaço de fronteira nos conflitos entre Israel e Irão e entre os Estados Unidos da América e a Rússia. As consequências diárias? "A população síria é sempre vítima de bombardeamentos, ataques e ameaças" constantes.
Apesar de a Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) ter já uma equipa em campo, na Síria, para investigar o alegado ataque químico, Francisco Louçã defende que é preciso garantir que está a ser feita uma "investigação séria e independente, que não estão ao serviço de instrumentação guerreira".
Na opinião do economista, a ameaça de retaliação, pelos EUA, Reino Unido e França, ao alegado ataque trata-se de uma "demonstração abusiva de força" com motivações políticas.
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Louçã considera que as acusações contra a Rússia dão algum jeito a Trump, "para sacudir a ideia de que a sua eleição presidencial foi ajudada pelos russos", a Macron, "que está aflito com a perda de popularidade que atravessa em França", e a Theresa May, que "está muito atrapalhada por causa do Brexit".
"Os dirigentes que estão encurralados nos seus países e que perdem apoio popular têm muita tendência a desencadear guerras externas e a fazer escaladas militares", afirmou Francisco Louçã.
O antigo líder do Bloco de Esquerda recorda que, há alguns anos, também foi alegada a existência de armas de destruição massiva para fundamentar a intervenção militar dos EUA no Iraque - "o que era uma mentira".
Segundo Francisco Louçã, o conflito apenas serviu a destruição e o agravamento das tensões naquela zona, sendo que "muitas das guerras que hoje temos são a continuação dessa intervenção militar e ocupação do Iraque".
O comentador defendeu que são estes fenómenos que conduzem à banalização da violência e à degradação da vida democrática em todo o mundo, apontando os casos que se vivem em países como as Filipinas, a Índia, a Turquia e até o Brasil.
"Quase 2 mil milhões de pessoas passaram, em pouco tempo, a viver em regimes mais fechados, militarizados e repressivos", declarou.