"Habitação é um dos grandes dramas." Pedidos de ajuda para pagar a renda aumentam 67% no primeiro trimestre
Até ao final de março, a Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor recebeu mais de 300 pedidos de ajuda
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O número de pedidos de ajuda por dificuldade em pagar a renda aumentou no primeiro trimestre 67% face ao mesmo período do ano passado, indica a Deco, que recebeu mais de 300 solicitações até ao final de março.
O Diário de Notícias escreve esta quarta-feira que a Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (Deco) registou um “aumento significativo de contactos” até ao final de março e que já há pessoa a reduzir os gastos na alimentação para poder pagar a casa.
Em declarações à TSF, Natália Nunes, coordenadora do Gabinete de Proteção Financeira da Deco, conta que estão "a ser contactados por pessoas que não têm crédito, mas têm grandes dificuldades em pagar as grandes despesas: a alimentação e a habitação, nomeadamente a renda".
"Nos primeiros três meses, recebemos mais de 300 pedidos de ajuda de famílias no que concerne ao pagamento da renda por causa de terem perdido o apoio. Temos muitas outras famílias com muitas dificuldades em conseguir fazer o pagamento da renda e que não têm apoio e nunca tiveram o apoio ao pagamento da renda, porque não cumprem os requisitos. Neste momento, a questão da habitação é um dos grandes dramas para as famílias", considera Natália Nunes.
A responsável da Deco alerta que "quem cumpre os requisitos, acaba por ter acesso ao apoio, mas o problema é estarem meses a fio à espera que o apoio seja concedido". "Estamos muitas vezes a falar de jovens que assumiram o pagamento daquela renda com base no intuito de terem o acesso ao apoio e o facto de não o terem ou terem numa fase muito tardia, acaba por ter grandes implicações. Vemos com muita frequência, por exemplo, jovens a terem que recorrer a créditos para conseguirem pagar a renda até terem acesso ao apoio", acrescenta.
Em causa estão famílias que não conseguem cumprir com o pagamento da prestação mensal da renda de casa, indica a associação que classifica o cenário como um “desespero” para os agregados que viram os subsídios provenientes do apoio extraordinário à renda cortados ou reduzidos ou que aguardam uma resposta do programa Porta 65.
De acordo com o jornal, face a 2023, 87 mil contribuintes perderam o apoio à renda.
No início de fevereiro, 46 mil pessoas viram suprimidos este subsídio sem qualquer aviso prévio, devido a falhas ou incongruências nas declarações devidas à Autoridade Tributária (AT), adianta.
A Deco aponta que este apoio, que pode chegar aos 200 euros por mês e que é atribuído de forma automática através do cruzamento dos dados disponibilizados por entidades como a Autoridade Tributária ou a Segurança Social, é vital para assegurar o cumprimento das obrigações para milhares de arrendatários.
