Candidato à compra do Novo Banco e China Development Bank juntam-se para dinamizar Zona Industrial e Logística de Sines e para avançar para o alargamento do porto.
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É um dos negócios que ameaça marcar a visita de António Costa à China. O DN sabe que o governo português já recebeu uma manifestação de interesse da parte do grupo financeiro Haitong e do CDB. Estão disponíveis para formar um consórcio, com o objetivo de assegurar a construção do Terminal 2 de Sines.
Ao que o DN apurou, Portugal tem todo o interesse, mas essa vontade esbarra numa questão muito simples. O estado português não pode, pura e simplesmente, entregar a construção do Terminal 2 de Sines a um dado consórcio, por muita que seja a vontade de aprofundar as relações económicas com a China, sem fazer um concurso internacional.
Ora, é perante este "pormenor" que surge a necessidade de um plano B. A ideia é que Haitong e CDB formem de facto um consórcio, que se candidatem a um futuro concurso internacional para a construção do terminal 2, mas que entretanto passem a usar essa plataforma para outros voos.
O desafio passa por atrair empresas chinesas de base industrial para a ZILS - Zona Industrial e Logística de Sines. Ao que o DN sabe, está em cima da mesa a assinatura de um memorando de entendimento entre o Haitong, o CDB e o governo português - documento pode vir ainda a ser assinado durante a visita do primeiro-ministro à China -, um projeto que terá como objetivo identificar e financiar potenciais interessados, leia-se empresas chinesas, a instalarem-se na ZILS.
E qual o interesse deste entreposto industrial chinês na Europa? É simples. Fazer chegar por barco contentores de produtos chineses semiacabados, terminar a sua produção em solo europeu, e conseguir dessa forma que esses produtos tenham a marca CE. Contas feitas, ganham as empresas chinesas que se instalarem na ZILS ao usar o tal carimbo "made in EU", e ganha o governo porque assegura uma frente de crescimento do emprego.
A construção do Terminal 2 do porto de Sines está sobretudo dependente da procura. A esta altura, o projeto lançado em 2008 tem uma taxa de ocupação de 54%, pelo que ainda há espaço e infraestruturas disponíveis para muitas empresas. A intenção do executivo, ao que apurou o DN, é dinamizar a ZILS dando ao mesmo tempo uma boa possibilidade ao consórcio Haitong/CDB. Se o consórcio chinês conseguir atrair empresas para Sines, acaba por ganhar massa crítica em duas frentes. O aumento do tráfego de contentores passa a justificar a construção do Terminal 2, e ao contribuir para o desenvolvimento da ZILS, Haitong e CDB ficam bem posicionados num futuro concurso internacional.
Ainda no sábado, quando questionado sobre se vinha à China com a missão de dar um passo decisivo na venda do Novo Banco, António Costa disse que não tem "mandato para vender bancos", mas admitiu ainda assim que "é importante que a China, que tem já uma presença relevante no nosso sistema financeiro, conheça outras oportunidades, que existem no Novo Banco e noutros bancos". Ora, sendo altamente provável que o primeiro-ministro e os responsáveis pelo Haitong venham a sentar-se à mesma mesa nos próximos dias, sabendo-se que o grupo chinês está na corrida à compra do Novo Banco, dificilmente no tema não estará nas conversas à margem do tema Sines e Terminal 2.