Hoteleiros algarvios defendem criação de Ministério do Turismo e fiscalidade “amiga das empresas”
O líder da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve critica a existência de "4300 taxas" em Portugal e alerta que há setores do país com "muito menos impacto na economia e PIB que têm direito a um ministro".
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A Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA) defende, numa carta que enviou esta segunda-feira ao futuro primeiro-ministro de Portugal, que o turismo merece um ministério próprio e alerta que um país que se quer desenvolvido e atrativo para novos investimentos “não pode ter 4300 taxas”, pedindo "coragem" para alterar a fiscalidade.
Em declarações à TSF, o líder da AHETA, Hélder Martins, apontou que há no país "outros setores com muito menos impacto na economia e no PIB que têm direito a um ministro” para deixar uma pergunta: “Porque é que o turismo não terá direito a uma pessoa que tenha assento no Conselho de Ministros e, consequentemente, tenha outro poder de decisão?”
O representante dos negócios turísticos garante que a necessidade da criação de um Ministério do Turismo é partilhada pela generalidade do setor, notando até que o país teve agora "um secretário de Estado do Comércio e Turismo”, ou seja, que o setor “partilhou com o Comércio e Serviços” esse governante.
A criação desse novo ministério, assinala, “era até um reconhecimento ao setor, em nome do Governo, que diria: ‘Nós compreendemos o que vocês representam e, por isso, o setor tem direito a um ministro.’”
A fiscalidade também preocupa o turismo algarvio, com Hélder Martins a avisar que se Portugal "quer ser desenvolvido, quer ser um país moderno, quer ser um país atrativo para novas empresas, para novos colaboradores e novos trabalhadores, não pode ter 4300 taxas”.
O líder da AHETA exemplifica com um cenário de aumento de salário de um trabalhador "em 150 euros por mês”, dado que “esse funcionário vai receber 60 e o Estado fica com 120” para defender que é necessária uma "política fiscal que seja amiga das empresas e que seja também amiga dos trabalhadores”.
"Se as pessoas conseguirem reter mais do seu salário, terão outra qualidade de vida e as empresas têm um sócio, que é o Estado, que fica com 50% daquilo que elas produzem, não assumindo o mínimo risco. Portanto, acho que há que ter coragem”, aponta.
A gestão de recursos no Algarve é outra luta dos hoteleiros, que colocam como “impensável” que a região esteja sem água, o que pode suscitar dúvidas a potenciais turistas como não saberem se têm "água para tomar banho”.
"É das piores situações, o Algarve tem uma tendência de crescimento, há um conjunto de novas empresas, de novas unidades, de novas marcas a quererem instalar-se no Algarve e, portanto, este é um problema crucial”, aponta, partindo também para críticas à gestão de infraestruturas e de licenciamentos.
"Ainda hoje não há um comboio digno desse nome, elétrico, a atravessar o Algarve. As carruagens dos nossos comboios são pré-históricas, têm mais de 50 anos e têm uma decoração que é horrível. Além disso, a 125 é uma estrada que foi requalificada numa parte, a outra parte está completamente como uma estrada do terceiro mundo, portanto de infraestruturas falemos assim. No urbanismo, bom, quando pensamos que o tempo médio de aprovação de um hotel anda nos sete anos, isto quando um investidor estrangeiro chega à região para pensar investir, fá-lo voltar para trás”, lamenta.
O presidente da AHETA garante que se tem reunido com vários partidos e que todos têm valorizado os problemas no setor, mas reconhece que só espera novidades depois de 10 de março.