No comentário semanal na TSF, Carlos Carvalhas defendeu que consagrar mais dinheiro dos saldos primários ao pagamento de dívida significa reduzir fundos para o Estado social.
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"Parece uma ideia sensata, até parece uma ideia que se contrapõe àqueles que estão a advogar a reposição de rendimentos como um ato populista, mas creio que é muito fácil fazer cálculos num gabinete, no seu conforto, pegar numa folha Excel e fazer uns cálculos sobre como se poderia reduzir a dívida e chegar a 90% da dívida até 2020. Para isso, os cálculos seriam: vamos consagrar dos saldos primários que já são elevadíssimos, ou seja, o excedente do Orçamento sem juros, ao pagamento da dívida", começou por argumentar Carlos Carvalhas para explicar que é totalmente contra esta ideia.
Para o antigo secretário-geral do PCP é preciso primeiro "olhar para a realidade portuguesa" porque "é evidente que quem assim fala e propõe são economistas ligados aos negócios de alto rendimento, que vivem numa outra realidade, não têm dificuldade em colocar os seus filhos numa escola privada, em contratar bons explicadores, em ir a um hospital privado. Vivem numa outra realidade e fazem estas propostas", acusa.
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"Consagrar mais dinheiro dos saldos primários ao pagamento de dívida significa reduzir mais dinheiro ao Estado social - ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), à escola pública, às prestações sociais e ao investimento - e isto significaria também criar mais dificuldades a milhares de famílias", defende Carlos Carvalhas.
Na Manhã TSF, o antigo secretário-geral do PCP considera que se trata de uma proposta errada que revela grande insensibilidade social e que o dinheiro dos saldos primários deveria ser consagrado ao investimento que conduzirá ao crescimento económico e, consequentemente, à descida da dívida relativa, a mais importante.
Todas as terças-feiras, depois das 9h00, Carlos Carvalhas comenta os assuntos económicos da atualidade.