O Tesouro português amortizou 50 milhões de euros. O valor é insignificante mas não significa que a operação tenha sido um insucesso.
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A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) foi hoje ao mercado para amortizar parte da linha de Obrigações do Tesouro (OT) que vencem em Outubro de 2015. Foi a segunda operação de recompra a incidir sobre esta linha (o único pacote de dívida de longo prazo que vence no próximo ano) em menos de um mês.
O montante amortizado acabou por ser curto - apenas 50 milhões de euros - numa operação em que os investidores fizeram propostas num valor global 17,8 vezes superior ao montante final. A maioria foi rejeitada pelo IGCP. As que foram aceites vão ter um juro médio de 0,58%. (o preço médio da recompra foi de 104,30 euros e a uma taxa cupão era de 3,35%).
A explicar este resultado podem estar vários fatores. Por um lado, a falta de interesse dos investidores já que esta mesma linha de OTs foi alvo de uma operação semelhante há apenas três semanas. Por outro lado, as exigências do IGCP, que rejeitou propostas no valor de 900 milhões de euros. (Nesta operação a iniciativa parte dos detentores de dívida, que fazem propostas que o Estado português pode ou não aceitar).
Na opinião do Diretor do Mercado de Dívida do Banco Carregosa, Filipe Silva, o facto do montante colocado hoje ter sido de apenas 50 milhões de euros - torna este leilão «insignificante» e mostra que «os investidores que têm dívida pública portuguesa estão confortáveis com o risco de Portugal e que apesar das taxas baixas preferem tê-las do que desfazerem-se no nosso risco».
Ainda assim Filipe Silva sublinha que a operação não pode ser considerada um insucesso: «Pelo contrário. Significa que quem detém dívida pública portuguesa não se quer desfazer dela. Prefere ter o risco no investimento».
Após esta operação, a linha que vence em outubro de 2015 passa a ter um montante total em dívida de cerca de 8,15 mil milhões de euros.
As operações de recompra tentam cumprir quatro objetivos fundamentais: dar liquidez aos investidores - sobretudo os nacionais - para que estes possam participar nas próximas emissões de dívida; aliviar reembolsos e custos com juros da dívida; dar uso a parte da almofada de tesouraria acumulada pelo IGCP (cuja manutenção, sem outra utilização, tem um custo para o Estado); e finalmente, marcar presença no mercado e contactar com os investidores.