Imparidades da CGD não justificaram recapitalização? "Simples, é como vender um carro..."
Aumento de imparidades em 2015 tem uma justificação "simples", diz Carlos Costa.
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Porque é que a Caixa Geral de Depósitos não recebeu os 12 mil milhões do fundo recapitalização da troika? Numa primeira comissão de Inquérito ao Banco Público Carlos Costa defendeu que era o banco que menos precisava, o menos atingido pela crise.
As agora conhecidas imparidades registadas em 2015 a situação da CGD não evidenciava já a necessidade de recapitalização? "É muito simples", diz o governador do Banco de Portugal.
"O senhor deputado tem um automóvel, se tiver um ano para vender vale x, mas se alguém o pressionar para vender no dia seguinte já não vale x, vale um terço e é se tiver comprador. O seu património sofreu uma perda significativa, isso é o que acontece a um banco quando se lhe estabelece um prazo para venda dos ativos. O que a Caixa teve de aceitar foi uma venda acelerada dos ativos e uma avaliação numa lógica de investidor privado, como se alguém estivesse a avaliar aquela entidade como comprador."
Carlos Costa explicava assim que em 2016 o ministro das Finanças fez, "e muito bem", um acordo no sentido de o Estado se comportar como se fosse um investidor privado. Neste caso a reavaliação dos ativos não é feita numa lógica de continuidade mas sim de venda imediata. Isso explica " o aumento das imparidades", defende, "não significa que as imparidades anteriores estivessem erradas" - as premissas é que mudaram.
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