O antigo administrador financeiro do banco garante que chegou a avisar os seus colegas dos riscos que pairavam sobre a instituição.
«Enquanto responsável do banco, através do meu dever fiduciário, informei os meus colegas, à terceira vez até lhe chamei "tempestade perfeita"», disse o antigo responsável do BES que está a ser ouvido na comissão parlamentar de inquérito.
Amílcar Morais Pires prosseguiu nessa linha dizendo que «o presidente do conselho de administração encarrega pessoas específicas, penso que são os representantes dos acionistas, para fazer as diligências. Não sei se elas existiram, mas eu, administrador do BES, cumpri o meu dever na comissão executiva de forma clara, explícita e inequívoca de alertar para o que era o "stress", até, inclusivamente, para dizer: o banco vai rapidamente encostar à linha de emergência do Banco Central Europeu».
O antigo administrador financeiro do BES realçou também que o banco colapsou devido a uma crise de liquidez, graças à fuga de depósitos e ao corte das linhas interbancárias, que originou depois uma crise de capital.
«A fuga de depósitos e o corte das linhas interbancárias acentuou a crise de liquidez do banco tornando-o completamente dependente da linha de emergência do Banco Central Europeu , situação que se tornaria insustentável num curtíssimo prazo». E reforçou: «Assim, os factos demonstram que a crise do BES antes de ser uma crise de capital foi uma crise de liquidez».
Morais Pires disse que a fuga de depósitos só se começou a sentir no BES no início de julho, depois de a sua candidatura a presidente executivo por recomendação do Espírito Santo Financial Group (ESFG) ter caído para dar lugar à equipa de Vítor Bento e João Moreira Rato, a 04 de julho.