O início da audição do presidente do Novo Banco ficou marcado pelo protesto dos clientes do antigo BES, que se dizem «indignados e enganados». Eduardo Stock da Cunha diz que legalmente não tem de atuar nestes casos, que são minoritários face ao panorama geral.
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Os "Indignados e enganados do papel comercial", uma associação que representa os clientes lesados do BES, dizem que foram barrados à entrada do Parlamento.
Eles pretendiam assistir à audição de Eduardo Stock da Cunha, presidente do Novo Banco, mas acabaram por ter uma pequena reunião com o Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito, Fernando Negrão, e com o próprio Stock da Cunha.
Fernando Negrão explicou, depois, que ninguém foi barrado à entrada da Assembleia da República e esclareceu que houve um entendimento para que esses quatro manifestantes não assistissem à audição.
«Faltam a sete a nove mil casos mais complicados. E aqui estão os clientes do papel comercial», vincou Stock da Cunha na comissão de inquérito à gestão do BES e do Grupo Espírito Santo (GES), onde está a ser ouvido esta manhã.
No total, os clientes lesados foram entre 15 e 20 mil, adiantou o presidente do Novo Banco, número representativo de «cerca de 1%» dos clientes do banco.
«Resolvemos cerca de metade desses casos», acrescentou, reconhecendo a dificuldade «bastante superior» de solucionar os problemas dos clientes cuja situação ainda não foi resolvida.
Antes, Stock da Cunha havia lembrado que o Novo Banco não tem qualquer responsabilidade «legal» sobre papel comercial vendido aos balcões do BES, entretanto alvo de resolução.
«Não vou fazer nenhum juízo qualitativo sobre a justiça ou injustiça deste ponto", disse, reconhecendo, todavia, que com certas condições e numa "natureza estritamente comercial» pode haver uma compensação para os clientes lesados desde que esta traga também vantagens para o banco.
«Um cliente que eventualmente teria um papel comercial de 100 mil euros e seria compensado por 50 mil, teríamos de pensar como é que o cliente vai gerar rendimentos para o banco em 50 mil euros no futuro», sublinhou.