Inquérito BES: PT SGPS mandou consultora retirar responsabilidade dos gestores no relatório

Lusa/André Kosters
O presidente da PricewaterhouseCoopers Portugal (PwC), José Pereira Alves, disse hoje no parlamento que a PT SGPS considerou que não deviam constar no relatório da consultora sobre o investimento realizado pela operadora na Rioforte as responsabilidades individuais nesse negócio.
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Na Comissão parlamentar de Inquérito à Gestão do BES e do Grupo Espírito Santo (GES), José Pereira Alves disse que houve uma «grande discussão» entre a PwC e a PT SGPS sobre o relatório da consultora sobre o investimento de cerca de 900 milhões de euros da operadora na Rioforte.
A discussão, disse, teve a ver com a definição do relatório: se devia ou não incorporar a análise do que eram as responsabilidades individuais de cada membro dos órgãos sociais no investimento.
José Pereira Alves sublinhou que a PT SGPS entendeu que esse tipo de referências «não deviam constar» no relatório.
Depois de o cliente ter clarificado os termos do trabalho, a PwC acabou «por retirar do relatório aquilo que não devia lá estar», disse.
Nesse sentido, a versão final do relatório apresenta «uma análise factual, não incorporando juízos de valor de ordem jurídica», afirmou o presidente da PwC.
Questionado depois sobre se a PwC temia que o colapso do BES e do GES pudesse afetar a credibilidade da consultora, José Pereira Alves respondeu apenas que «o grande risco a evitar é emitir uma opinião de auditoria que fosse ferida da sua veracidade».
«É isso que temos de evitar a todo o custo», considerou.