Inquérito/BES: Ex-administrador ficou "aterrorizado" com papel comercial vendido
António Souto disse esta tarde na Comissão Parlamentar de Inquérito que só soube muito tardiamente que as contas do GES estavam falsificadas. O antigo administrador executivo do BES afirmou que ficou aterrorizado com o que veio a descobrir.
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Na comissão parlamentar de inquérito ao colapso do BES e do Grupo Espírito Santo (GES), onde está a ser ouvido, António Souto disse ter ficado «perplexo» e «aterrorizado» quando soube do valor de papel comercial da ESI (Espírito Santo International) vendido aos balcões do banco.
O ex-administrador disse ter partilhado esta posição primeiro numa conversa telefónica com José Manuel Espírito Santo, um dos administradores com assento no conselho superior do GES, e depois, e também por telefone, com o presidente executivo do BES, Ricardo Salgado, que disse que «estavam a ser tomadas todas as medidas para colmatar a questão» e que «também estavam surpreendidos».
António Souto respondia assim, quando questionado pelo deputado socialista José Magalhães sobre a sua reação depois de ter sido tornado pública a manipulação de contas e sobre o que deveria ter sido feito.
«Não se deviam ter adulterado as contas», defendeu, considerando também que os «administradores do banco deviam ter sido informados de que o problema existia na ESI». Se isso tivesse sido feito, não se teria emitido o papel comercial da ESI e que foi vendido aos balcões do BES, defendeu o ex-administrador.
Anteriormente, António Souto, que tinha o pelouro do 'compliance' (função que avalia o cumprimento de regras), afirmou que a Espírito Santo Finantial Group (ESFG) «não cumpriu com as determinações do Banco de Portugal», considerando que essa «é uma responsabilidade do seu conselho de administração».
O Banco de Portugal (BdP) determinou no final de 2013 o 'ringfencing' do banco face ao restante grupo. A casa-mãe do banco era, recorde-se, a Espírito Santo Financial Group (ESFG).