"IRS devia baixar para a classe média e até para os rendimentos mais altos"
Cativações de Centeno têm originado "relatos macabros no SNS", os nacionais são "discriminados" no IRS e as empresas pagam IRC a mais. Denúncias do ex-ministro da Economia, Pires de Lima.
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Está ou não a economia a crescer de forma sustentada? O que falta fazer? Nesta entrevista, o ex-ministro da Economia deixa recados ao governo de António Costa e promete uma oposição forte através do partido que representa, o CDS-PP, reunido em congresso durante este fim de semana.
Há uma espécie de discriminação dos portugueses que vivem e trabalham em Portugal, é isso?
Totalmente. Essa discriminação é claríssima e se podia ser entendida num período de urgência e assistência financeira, é difícil compreender como uma condição perpétua, em que as pessoas que aqui nasceram e aqui vivem do trabalho tenham de pagar 40% a 50% de IRS e os outros pagam 20%. Nesse sentido, tanto para a classe média como para as pessoas que têm rendimentos mais elevados seria extraordinariamente importante que houvesse um cenário claro de desagravamento fiscal. Que pelo menos pusesse Portugal a nível do IRS no nível que estava antes da crise, em 2010 e 2011. É extraordinariamente injusta a situação atual para as pessoas que vivem do seu trabalho. Acho que devíamos ter uma ambição de diminuir muito mais fortemente os impostos para a classe média a nível do IRS e também ter um teto, isto é, num prazo razoável, em quatro ou cinco anos ninguém deveria estar obrigado a pagar mais de 50% do seu rendimento em contribuições para o IRS e para a Segurança Social acumuladas. Hoje estamos em mais de 60%. É um objetivo que acho que uma alternativa política ao atual governo deveria afirmar.
Já o sugeriu a Assunção Cristas?
Já falei com ela sobre este assunto.
A entrevista a António Pires de Lima vai para o ar este sábado, às 13h, na TSF. É também publicada na edição em papel do Dinheiro Vivo deste sábado, que sai com o Diário de Notícias e com o Jornal de Notícias.