Por atingir a idade da reforma antes do próximo congresso, Isabel Camarinha despede-se, este ano, da direção da CGTP. A dirigente sindical confessa que ainda é cedo para pensar na reforma, porque trabalho não falta. Do passado recente, ainda tem bem presentes as marcas da pandemia.
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Eleita secretária-geral da CGTP em fevereiro de 2020, Isabel Camarinha não teve tempo para respirar. Menos de um mês depois, a Covid-19 chegou a Portugal e seguiram-se meses de restrições, limitações, confinamentos, direitos e deveres laborais na ordem do dia.
"Independentemente da situação que estávamos a viver, era preciso garantir os direitos dos trabalhadores, quer em termos de segurança e saúde, quer fossem os direitos laborais e sindicais. Foi isso que a CGTP fez." No congresso de 23 e 24 de fevereiro, Isabel Camarinha vai passar a pasta e é-lhe indiferente o género ou idade: "Na direção da CGTP, o que vale é o coletivo, com o contributo de todos os sindicatos."
Em quatro anos de mandato, Camarinha recolheu muitas memórias. A maior de todas foi o reconhecimento. "Em todos os contactos que tive, encontrando centenas e centenas de pessoas que me abordavam, o que mais me importava era o reconhecimento da CGTP."
Funcionária do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local (STAL), é para lá que vai regressar quando sair da direção da Intersindical. Isabel Camarinha diz que não vai faltar trabalho.
"Eu não vou parar, portanto, não vou ter propriamente saudades... Este nível de responsabilidade tem algum peso e exposição, logo é natural que eu altere um pouco a minha vida..."
Há quatro anos, a sobre-exposição como cara da CGTP não deu trabalho. Aos 63 anos, Isabel Camarinha deixa de ser secretária-geral da CGTP, mas não pensa, ainda, na reforma. "Ainda me falta muito tempo... E os sucessivos governos têm vindo a aumentar a idade da reforma. Por isso, ainda me falta uma série de anos para trabalhar."