Italianos começam a perceber que não são imunes a ataques especulativos, diz encarregado de negócios
O diplomata português Nuno Belo entende que em Itália se verifica um sentimento semelhante ao português em relação aos ataques especulativos e que já um «baixar de tom» nos ataques entre o governo e a oposição italiana por causa desta situação.
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O encarregado de negócios da embaixada portuguesa em Itália explicou que os italianos já começam a perceber que não estão imunes aos ataques especulativos, isto no dia em que a crise em Itália é um dos assuntos que está a ser tratado no Conselho Europeu desta segunda-feira.
Ouvido pela TSF, Nuno Belo considerou que o «sentimento geral» na Itália é semelhante ao que se vive em Portugal, muito embora lembre que a economia transalpina tem outra dimensão que não a grega ou a portuguesa.
«Há um bocadinho o sentimento de impotência, porque por melhor que os governos tentem fazer há sempre o mercado que pode actuar e que pode provocar quebras grandes e ataques especulativos», explicou.
Por outro lado, Nuno Belo diz que existe também um «discurso que a economia italiana é suficientemente grande para resistir e que os bancos italianos estavam menos expostos aomercado internacional, portanto têm outra saúde financeira».
Este diplomata português, que entende que os testes de stress que serão feitos aos bancos poderá ajudar a esclarecer a situação, indicou também que em Itália está a tentar ser passada uma imagem de estabilidade e de união entre os partidos.
«Durante o fim-de-semana foi nítida a preocupação dos partidos da oposição de baixar o tom e não só da oposição», acrescentou Nuno Belo, que se referiu à «sentença de segunda instância de um tribunal que condenou uma empresa do grupo Berlusconi a uma indemnização a uma empresa rival de 500 milhões de euros».
Segundo este encarregado de negócios, o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi estava preparado para reagir a esta sentença no domingo, mas acabou por não o fazer, o que demonstra que «há uma preocupação de todas as forças políticas de baixar o tom».