O ex-secretário-geral da UGT e dirigente do PS diz que está «motivado» para presidir ao Conselho Económico e Social. E considera absurda as críticas da CGTP.
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João Proença reconhece ter vontade de substituir Silva Peneda no Conselho Económico e Social. Em entrevista à TSF e ao Dinheiro Vivo, o antigo secretário-geral da UGT e membro da comissão política do PS manifesta o interesse. «Tem a minha disponibilidade, é um cargo para o qual me sinto motivado, mas é um cargo que depende dos partidos políticos escolher», avisa.
Depois da renúncia de Silva Peneda - que se vai tornar adjunto do presidente da Comissão Europeia - a UGT recomendou o nome de João Proença para a sucessão, motivando críticas da CGTP. Arménio Carlos, líder da central sindical, considera que João Proença «lesou os trabalhadores face aos contratos e acordos que assinou» com o Governo durante o período da troika. João Proença responde apenas que a posição da CGTP «é um absurdo».
O dirigente do PS promete, se for escolhido, «um forte empenhamento no reforço do diálogo social em Portugal» e lembra a experiência que acumula. Para além dos 18 anos à frente da UGT, esteve na fundação do CES em Portugal e da União Europeia, na fundação do Diálogo Social Europeu e da Consertação Social em Portugal.
Governo não tem legitimidade para nomear dirigentes
Na entrevista à TSF e ao Dinheiro Vivo, João Proença critica também as nomeações do Governo para o topo da administração pública, questionando a legitimidade de se escolher dirigentes para os próximos 5 anos a apenas alguns meses das eleições. «Então o próximo governo está condenado, no atual quadro legislativo, a não nomear dirigente nenhum e a gerir a administração pública com os atuais dirigentes?», questiona João Proença, que considera «totalmente absurdo» o que o Governo tem feito nesta matéria.
Para João Proença, a Comissão de Recrutamento e Selecção para a Administração Pública (CRESAP) - responsável pela triagem de candidatos - é importante, por fazer uma triagem da qualidade, mas o ex-líder sindical avisa que é sempre uma escolha partidária. Apesar de a comissão ter «três pessoas competentes e isentas», o dirigente socialista lembra que também há representantes dos ministérios e que, no final, é o Governo que escolhe entre três possíveis candidatos. «Eventualmente, mais de 90% dos atuais dirigentes são do PSD e do CDS», critica.
Em relação ao PS, João Proença diz que há ainda uma «minoria desorganizada». O atual membro da Comissão Política socialista, que dirigiu a campanha eleitoral de António José Seguro nas primárias do partido, reconhece que «sem Seguro, não há segurismo».