Jornal norte-americano avalia estado de espírito de povos "ajudados" pela troika
Um repórter do New York Times visitou os países sob resgate para fazer um diagnóstico sobre como lidam esses povos com os sacrifícios impostos pela ajuda da troika. A reportagem, uma espécie de barómetro de estados de espírito, mostra que os portugueses são quem melhor "come e cala".
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A reportagem começa com um encolher de ombros. Está no título e na descrição do repórter ao conversar com um comerciante na baixa de Lisboa. O entrevistado diz que a situação «poderia ser pior».
É uma austeridade dolorosa, escreve o jornal explicando que o desemprego está em alta, os impostos foram cortados e há hospitais a fechar.
O repórter do New York Times frisa que na Grécia, a austeridade na mesma linha desencadeou o caos e fúria nas e fez aumentar o extremismo político.
No entanto, acrescenta o artigo, talvez em nenhum outro lado, as pessoas sejam tão condescendentes como em Portugal.
Há pouca resistência, nota o repórter. «Os portugueses são moderados», justifica um comerciante.
A ideia é partilhada pelo administrador de uma fábrica de móveis em Tomar. Não tem planos para protestar, e julga que não haverá muitos a fazê-lo: «É uma questão de cultura», diz o empresário.
Um funcionário da fábrica destaca que não vale a penar ter raiva porque o mau humor não nos leva a lado nenhum.
Um sindicalista chateado fala numa «atitude de inação» tipicamente portuguesa.
Ouvido pelo New York Times, o sociólogo António Barreto diz que há um misto de «complacência» e «sabedoria».