Líder da APAVT não acredita no avanço do projeto do novo aeroporto internacional em Alcochete
Pedro Costa Ferreira ainda tem na memória o lançamento da primeira pedra do projeto do Montijo e revela cepticismo quanto à mudança de localização do novo aeroporto para Alcochete. Em entrevista à TSF, considera que faltam quase todas as infraestruturas necessárias
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Em entrevista à TSF, o presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens ( APAVT) recorreu várias vezes ao clima de incerteza geopolítico internacional para travar respostas mais arrojadas sobre o comportamento do Turismo. A APAVT assinala 75 anos de existência com uma série de eventos ao longo de 2025, que vão culminar na realização do próximo congresso do sector em dezembro, em Macau.
Ainda assim, Pedro Costa Ferreira adianta que, neste primeiro trimestre, as reservas são tudo menos tímidas. Existem operadores com mais de 30% de marcações para este ano, ou seja, estamos perante um fenómeno muito significativo de antecipação de reservas, acrescenta.
"Significa uma economia em crescimento e pessoas a protegerem-se do facto de poderem não vir a ter lugar em Portugal para férias, ou seja, indicia uma procura superior à oferta e portanto, uma tendência de crescimento."
O presidente da APAVT considera que, até agora, os indicadores apontam para boas notícias, mas ainda há muitas dúvidas do ponto de vista da política internacional.
"Eu fujo sempre a dizer que as nossas praias são as mais bonitas e que o nosso sector é o melhor. Isso pouco me diz."
Pedro Costa Ferreira garante que a associação está a acompanhar a evolução do sector, com um estudo periódico pedido à consultora EY, que vai ser atualizado este ano. Os últimos dados são referentes a 2022 e revelam um setor mais influente na economia, mas o presidente da APAVTA adianta : "Não só crescemos, como crescemos mais do que a economia nacional, com 5,8 mil milhões de euros, que equivalem a 16 vezes o Valor Acrescentado Bruto (VAB) da Autoeuropa, ou a 49 vezes o VAB da CP."
"São números engraçados e significativos. Significa que o sector cresceu em 2023, consolidou em 2024, o que significa que a APAVT celebra 75 anos, no melhor momento do sector.”
Ainda assim, Pedro Costa Ferreira critica alguns problemas estruturais do país.
"Parece que decidimos o novo aeroporto, mas não acho nada disso. Desta vez, o Governo apenas disse onde é que o gostava de fazer. Digo desta vez, porque, em 2019, eu estive no lançamento da primeira pedra do projeto do Montijo. Fez-se uma festa enorme. Tivemos 20 presidentes de câmara e 35 presidentes de juntas de freguesia a falar de como ia ser bom aquele aeroporto, e agora ficamos a saber que iriamos para Alcochete, o que eu não acredito muito", afirma.
“A A18 a Norte tem que vir até Alcochete. Há alguma coisa feita nesse sentido? Não. A A13 a Sul tem que vir até Alcochete. Há alguma coisa feita nesse sentido? Não. Tem que haver uma terceira travessia do Tejo. Fazemos ideia onde? Não. É ferroviária e rodoviária, sim ou não? Há rede elétrica para alimentar o aeroporto? Não, mas tem que chegar lá. Há água suficiente para alimentar a infraestrutura? Não, tem que chegar lá. Temos que desminar. O Estado tem que encontrar um acordo com a Força Aérea por causa do campo de tiro. A decisão de Alcochete foi anunciada há sensivelmente um ano e a pergunta é conhece-se mais algum desenvolvimento? Então, como acreditar?”, acrescenta.
Quanto à TAP, parece-lhe razoável pensar que pode e deve ser privatizada, mas então já deveria ser conhecido o modelo da operação.
"No início da história era preciso entregar a TAP por inteiro a terceiros. Agora, parece que os próprios compradores, depois dos problemas que houve com a compra da ITA Airways em Itália e por aí fora, estão mais abertos a comprar até 20%, para evitarem passar pelo passe-vite que é a regulação europeia, com algum eventual contrato de gestão depois por detrás desse capital. Penso que as possibilidades são muitas, mas o que urge é definir o modelo, decidir e efetivar", justifica.
Para já, a APAVT fica de fora da edição deste ano da Bolsa de Turismo de Lisboa, que arranca a 12 de março, por considerar que os custos de presença são elevados: "Não tivemos dinheiro para continuar na BTL, esta é a verdade. Não temos necessidade de ser muito polémicos, mas a verdade é que ajudamos muito o evento a crescer. Tivemos um papel importante, mas não quer dizer que a influência dos nossos associados tenha saído connosco."
