De acordo com o diretor comercial, a Lisnave - Estaleiro Navais de Lisboa - vai concorrer ao futuro concurso para a concessão dos estaleiros navais da Mitrena, a lançar pelo Porto de Setúbal até ao final do contrato atual, que expira a 31 de julho de 2027
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O interesse da emblemática empresa de construção e reparação naval portuguesa foi manifestado por Luís Braga, representante da empresa que detém a atual concessão, durante a Porto Maritime Week, que decorre até sexta-feira no Porto. Adianta que "o desejo da Lisnave é expandir a sua atividade para a construção naval, mas o atual contrato de concessão não o permite".
Durante a Porto Maritime Week, o diretor comercial da empresa reforça que “a Lisnave não constrói porque não pode. O contrato não o permite. Quando o estaleiro foi construído foi para reparação e construção, mas a construção tornou-se inviável devido à concorrência do Oriente. No entanto, num novo contrato, essa atividade fará parte do nosso leque de atividades".
O representante da empresa admite ainda o interesse em entrar na área da defesa, ao afirmar que “existem muitos planos em cima da mesa, embora nada muito concreto".
Por determinar, estão ainda os contornos do futuro concurso publico de alienação da Mitrena, estaleiros navais de reparação e conversão de todos os tipos de navios, bem como de plataformas para a atividade de offshore na baía de Setúbal, mas já conta com a manifestação de interesse da Lisnave.
Sobre o processo de concurso público, Luís Braga manifesta que “a empresa irá a concurso com a esperança de ganhar", mas avisa que “se o concurso for internacional, algo que ainda ninguém sabe, e houver concorrência de fora", espera que o interesse nacional seja "garantido e defendido".
Este responsável revela ainda preocupação com o calendário, sublinhando que a elaboração do caderno de encargos “não é fácil e vai demorar tempo”, receando que possa não haver tempo para preparar tudo até ao final da concessão.
A posição atual da empresa foi descrita como sólida, sendo que 2023 é dado como o ano recorde da Lisnave, com a reparação de entre 80 a 100 navios.
O diretor comercial da empresa sublinha a liderança da empresa em nichos especializados, como os navios LNG e shuttle tankers, afirmando que “o estaleiro nacional foi o que mais reparou este tipo de navios no mundo".
De acordo com comunicado da organização deste evento, as declarações de Luís Braga foram proferidas na sessão “Indústria Naval numa Encruzilhada”, que reuniu também no mesmo painel Renato Afonso, da West Sea, Frederico Fernandes, dos Estaleiros Navais de Peniche e Bruno Costa, da AtlanticEagle.
Este evento assume-se como o maior fórum nacional dedicado ao setor marítimo-portuário e ponto de encontro entre decisores, empresas, associações e especialistas, num momento em que o setor enfrenta desafios estratégicos de competitividade, sustentabilidade e inovação.
