Durante décadas acumulámos pirâmides. Mas as novas tecnologias quase mataram o negócio das listas telefónicas de papel e nem o gigante Páginas Amarelas resistiu.
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A PT foi uma grande acionista da Páginas Amarelas, curiosamente uma sua empresa, a MEO, é agora a única distribuidora de listas telefónicas impressas.
Questionada pela TSF, a empresa recusa divulgar quantas listas distribuiu no ano passado ou quantos pedidos tem para este ano. Remete-nos para o regulador, a Autoridade Nacional de Comunicações, ANACOM, que por sua vez nos diz que é uma informação da MEO. E a MEO volta a recusar. É o Ministério do Planeamento e das Infraestruturas que esclarece: o ano passado foram pedidas cerca de sete mil listas.
É para distribuir essas listas que a MEO recebe 3,5 milhões de euros. Depois da adjudicação por ajuste direto, em 2012, em 2015 foi a vencedora de um concurso público de que terá sido a única concorrente.
E para que serve ainda uma lista telefónica de papel? A ANACOM diz que é porque há portugueses que não estão familiarizados com os meios digitais. Acontece que o pedido da lista tem de ser feito pela internet, ou por um número de telefone pago. Recebe uma lista apenas com os telefones da sua área de residência. Se quiser outras, prepare-se para ir levantá-las pessoalmente a uma loja em Lisboa ou outra no Porto.
Receber por correio custa cerca de 5 euros em portes e despesas de expedição. Pode sair caro, é que a lista deveria ter números de empresas e particulares, fixos e de telemóvel. Na prática, são mais empresas. Por lei, a MEO só pode divulgar os números de quem, no momento de contratar um qualquer operador, tenha expressamente optado por tornar o seu número acessível a terceiros. Esta limitação verifica-se também no 118 net, a página da internet que tem a informação das listas telefónicas e ao 118, o número telefónico - pago - para o mesmo efeito.
O contrato entre o Estado e a MEO prevê tarifários especiais para quem tem menos rendimentos. A empresa não diz quais são. O contrato também obriga a ter a informação das listas telefónicas acessível a pessoas com necessidades especiais. A MEO informa que - desde que devidamente registados - os cegos têm direito a 20 chamadas gratuitas por mês, não acumuláveis. Este é um serviço que a Fundação PT anuncia na sua página na internet como uma oferta da Fundação. Chama-lhe 118 Braille.