Lucros da CP voltam a cair em 2024. Resultados são "positivos" apesar das "dificuldades", mas é preciso "valorizar" trabalhadores
Em declarações à TSF, José Manuel Oliveira defende que a CP "necessita de uma intervenção muito profunda". Já Jorge Coelho pede que o "Governo faça a sua análise", sublinhando a importância da "valorização" dos trabalhadores, assim como da "entrada" de novos profissionais para a empresa
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Os lucros da CP voltaram a cair em 2024. O relatório de contas da empresa, divulgado esta segunda-feira pelo jornal Público, revela que, no ano passado, a empresa teve um lucro de 1800 milhões de euros, metade do registado em 2023. Em declarações à TSF, o presidente da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans), José Manuel Oliveira, aplaude a empresa ter conseguido obter lucros positivos, tendo em conta as dificuldades.
"Apesar de todas essas dificuldades de falta de trabalhadores e de falta de meios, a empresa, que é pública, ainda consegue ter um resultado positivo. É evidente que achamos que a CP necessita, de facto, de uma intervenção muito profunda do ponto de vista das opções necessárias para a dotar dos meios técnicos e humanos, valorizando também os seus trabalhadores para poder efetivamente prestar um serviço público. É possível fazê-lo com melhor qualidade, com melhor segurança e com uma forma que tenha um equilíbrio financeiro", explica à TSF José Manuel Oliveira.
Muitos dos problemas, aponta o presidente da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações, passam "pelo facto de o setor ferroviário estar desmembrado em diversas empresas". "Podia prestar um melhor serviço com uma decisão política que achamos necessária, que é a reunificação do setor ferroviário, quer na gestão das infraestruturas e na parte comercial", sublinha.
Já o secretário-geral do Sindicato Nacional dos Ferroviários do Movimento e Afins (Sinafe), também ouvido pela TSF, defende a valorização salarial dos trabalhadores da CP. "Esperamos que o Governo olhe para estes números, faça a sua análise e dê o visto naquele documento para que possamos ter alguma paz social na empresa", afirma Jorge Coelho, sublinhando a importância da "valorização" dos trabalhadores, assim como da "entrada" de novos profissionais para a empresa.
O relatório mostra ainda que, no ano passado, a CP registou um novo recorde de passageiros: foram 302,8 milhões. Por outro lado, há cada vez mais atrasos, com apenas um terço dos comboios a chegar a horas ao destino. A CP aponta culpas às intervenções na ferrovia, que levam a limitações de velocidade e a avarias na sinalização, admitindo ainda que excede o tempo previsto para a entrada e saída de passageiros. A falta de recursos humanos é outro dos problemas apontado pela empresa.
