Lucros globais do Santander caem 4,9%. Em Portugal sobem 121% com ajuda do Banif
O banco espanhol registou lucros de 1,633 mil milhões de euros no primeiro trimestre do ano. A atividade em Portugal contribuiu com 121 milhões, fruto do "impacto positivo" da incorporação do Banif.
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Os lucros do banco espanhol Santander caíram 4,9% no primeiro trimestre do ano face ao mesmo período de 2015, para um total de 1,633 mil milhões de euros, afetado sobretudo pelo efeito das taxas de câmbio.
Ainda assim, os resultados ficaram acima das previsões dos mercados, que esperavam que os lucros da entidade bancária espanhola ficassem em torno dos 1,5 mil milhões de euros no primeiro trimestre.
O grupo explicou que sem o efeito das taxas de câmbio, o lucro teria crescido 8%.
"Os resultados do primeiro trimestre de 2016 estão muito condicionados pela evolução das diferentes divisas com as que trabalha o banco, que foram perdendo valor face ao euro ao longo do ano passado", indicou a entidade presidida por Ana Patricia Botín.
A margem de juros, que reflete os resultados da atividade bancária básica - captar e emprestar dinheiro e respetivas comissões - caiu 5,1% no trimestre, para 10,021 mil milhões de euros. Também esta margem teria crescido 6% sem levar em conta as taxas de câmbio.
A margem bruta desceu 6,2% (+4,1% a taxas de câmbio constantes), para os 10,73 mil milhões de euros, enquanto que a margem líquida caiu 8,1%, para 5,57 mil milhões (+2,8% sem os efeitos das divisas).
"Os resultados superam o previsto no plano a três anos e cumprimos com todos os objetivos marcados. As receitas e o crédito a clientes aumentam em 4% (sem o efeito das taxas de câmbio). A taxa de morosidade melhora, aumenta o core capital (+22 pontos base, para 10,27%)", referiu a presidente da entidade numa nota enviada ao regulador do mercado.
Estes resultados, acrescentou, dão "a confiança de que o grupo vai cumprir os seus objetivos, incluindo, como anunciado, um aumento do dividendo por ação em numerário de 10% e um aumento do dividendo total em 5%".
O conselho de administração da entidade indicou a intenção de distribuir um dividendo de 0,21 euros condicionados aos resultados de 2016, o que representa um aumento global de 5% por ação face a 2015.
Os custos do Santander caíram 4,1% entre janeiro e março, ainda que tenham aumentado 5,6% sem o efeito das taxas de câmbio.
O peso de Espanha nos lucros do banco continua a diluir-se progressivamente, uma vez que já é o terceiro mercado mais importante para o grupo. Do total dos lucros, 61% têm origem na Europa e 39% na América.
Por países, o que mais contribui para os lucros é o Reino Unido, com 23%, seguido do Brasil (18%), Espanha (15%), México (7%), Portugal e Chile (6% cada um), Estados Unidos (4%), Argentina e Polónia (3% cada).
Lucro do Santander em Portugal aumenta 121% após compra do Banif
O grupo Santander anunciou hoje lucros de 121 milhões de euros em Portugal no primeiro trimestre do ano, mais 121% face a 2015, e referiu o "impacto positivo em toda a conta da incorporação da atividade do Banif".
Numa comunicação ao mercado espanhol, o banco destaca que "o lucro atribuído do primeiro trimestre é de 121 milhões de euros, mais do dobro do que obtido até março do ano passado (+121%)", e aponta "o impacto positivo ao longo de toda a conta da incorporação da atividade do Banif", que o Santander comprou no ano passado por cerca de 150 milhões de euros.
"O conjunto das margens de juros e das comissões cresceram 30%, enquanto os custos subiram 25%", realçou o Santander, acrescentando uma outra razão para a subida dos lucros.
"Adicionalmente, as receitas reforçaram-se com os resultados de operações financeiras originados na venda de carteiras", salientou.
As dotações para insolvências, apesar do maior perímetro, "aumentaram unicamente em 2%, com o custo do crédito a melhorar para os 0,28%".
Comparando com o quarto trimestre do ano passado, "em que os resultados obtidos em vendas de dívida pública foram muito elevados, o lucro aumenta em 1%".
A margem bruta do Santander em Portugal alcançou os 337 milhões de euros no primeiro trimestre (mais 41,5% do que ano passado), enquanto a margem líquida foi de 183 milhões (mais 59,6%). O lucro atribuído ao grupo foi de 121 milhões de euros (mais 121,4%).
Sobre a evolução do negócio em Portugal, com a compra do Banif, o Santander indica que o crédito aumentou 24%, para os 30 mil milhões de euros.
"A incorporação dos saldos do Banif representou uma mudança na sua estrutura, aumentando o peso do segmento de empresas para 35% (31% em março de 2015). Em termos comparáveis, sem o efeito desta incorporação, os saldos diminuiriam em 2% (o que é um melhor comportamento do que o mercado", assinala o banco.
Por outro lado, os recursos aumentaram 22%, para os 30,6 mil milhões de euros, "principalmente devido à incorporação dos depósitos do Banif".
"Em termos homogéneos, o total de recursos regista um aumento de 4%, compatível com uma gestão muito focada na redução do custo dos depósitos", acrescenta o Santander.