
O anúncio de que Bruxelas poderá dar mais um ano a Portugal foi recebido com vários adjetivos pela oposição; o CDS ficou satisfeito.
O deputado socialista Pedro Marques afirmou hoje, no parlamento, que o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, fez «uma grande pirueta», ao apresentar uma «alteração significativa de estratégia».
«Que grande pirueta, senhor ministro», comentou Pedro Marques (PS), considerando que Vítor Gaspar «finalmente reconheceu que tinha de mudar a estratégia de política económica do país».
«Não basta pequenos paliativos. A sua estratégia de ajustamento foi profundamente deficiente. O ministro das Finanças de Portugal parece descobrir que pode haver crises da procura», referiu ainda o ex-secretário de Estado da Segurança Social do governo de José Sócrates.
Na resposta, o ministro das Finanças disse estar «profundamente desapontado» com a intervenção do deputado socialista, considerando que a «alteração de ênfase do processo de estabilização de curto prazo (...) é uma oportunidade única para que os partidos da oposição tenham um entendimento».
Já o deputado do Bloco de Esquerda Pedro Filipe Soares afirmou que o Governo deu «um enorme trambolhão» nas previsões macroeconómicas para 2013 e interrogou «onde está o ministro Vítor Gaspar», que agora se apresenta numa «versão 2.0».
Na sua intervenção na comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública, Pedro Filipe Soares considerou que «não foi uma derrapagem, foi um trambolhão para o dobro», que faz com que «as previsões do Banco de Portugal até [fiquem] mais otimistas do que as do Governo».
Para o deputado comunista Honório Novo, o pedido de alargar o prazo de reembolso do empréstimo acordado com a 'troika' é uma «reestruturação da dívida», uma terminologia que o ministro das Finanças rejeitou.
«É evidente que, politicamente, a reestruturação parcial da divida tem como contrapartida um corte adicional de 4 mil milhões sobre o qual o senhor, infelizmente, perante esta casa, continua a não se querer alongar, nem em termos gerais, lamentavelmente», disse Honório Novo (PCP).
Na resposta, o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, disse tratar-se de uma «mera recalendarização da dívida oficial», reiterando que «não é uma reestruturação da dívida», nem será pedido mais dinheiro.
João Almeida, do CSD, disse que ficava confortável com esta notícia.
O ministro das Finanças afirmou hoje que irá rever em baixa as projeções macroeconómicas para este ano, apontando para uma revisão em baixa de 1 ponto percentual da atividade económica, resultado de uma recessão maior que a esperada em 2012, pelo que «é razoável conjeturar» que Bruxelas dê mais um ano a Portugal para corrigir o défice excessivo.