Manuel Lemos tem "francas dúvidas que se cumpram prazos do PRR" para criação de 5500 camas de cuidados continuados
À TSF, Manuel Lemos afirma que "é fácil atirar para cima das instituições e dizer que elas é que não fizeram", mas que "não fizeram porque não tinham condições para fazer"
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O presidente da União das Misericórdias assegura que se nada for feito, a execução do PRR para a criação de 5500 camas de cuidados continuados vai falhar, e diz que não foi por falta de aviso.
"Nós fartamo-nos de alertar para isto. Por escrito, verbalmente, com declarações, com entrevistas. Nós sempre dissemos que isso era possível. Vir agora lançar um alerta é quase como um lavar de mãos. Eu cheguei a dizer na altura e posso repeti-lo agora que mais valia fazer menos camas, mas fazê-las, do que continuar com o número magnífico e pessoas menos bem informadas e depois é fácil atirar para cima das instituições e dizer que elas é que não fizeram. Não fizeram porque não tinham condições para fazer e, portanto, eu continuo a dizer o que disse há dois anos: por que é que não nos sentamos todos uma mesa, por que é que não nos sentamos todos a conversar? Embora neste momento tenho francas dúvidas de que seja possível cumprir os prazos do PRR", disse Manuel Lemos à TSF.
O presidente da União das Misericórdias lamenta que tenham sido colocadas muitas dificuldades ao setor social, desde o valor atribuído por cama que era inicialmente muito reduzido até às avaliações feitas pelo júri, que deixaram de fora candidaturas válidas.
"Há misericórdias, aquelas que têm mais capacidade financeira, a avançar na expectativa de que um dia destes algum bom senso se estabeleça e digam assim: ‘olhe, qual é a maturidade deste projeto? Olha, este está pronto.’ Quer um bom exemplo? Vá ver Braga, que é da misericórdia de Braga. O que está a fazer. E, todavia, foi afastada num concurso, mas vão lá ver. Por que é que aquela misericórdia não é apoiada? O que estão a fazer à volta disto? Vão ver porque é que em Arcos de Valdevez, em vez de entregarem à misericórdia de Arcos de Valdevez, entregaram a uma empresa", refere.
Agora, das duas, uma: "Ou o Governo português consegue, e esperemos consiga, o alargamento do prazo e entra um bocado de bom senso nisto, ou então vamos chegar ao fim e das cinco mil camas, vamos ver quantas serão feitas."