A conferência "O Futuro do Trabalho" leva a debate o lugar dos trabalhadores num mercado de trabalho cada vez mais dominado pela tecnologia. A TSF ouviu as opiniões de António Saraiva, da CIP, e Arménio Carlos, da CGTP.
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A automatização do trabalho pode levar à perda de mais de 1 milhão de postos de trabalho, mas também a criação de novos empregos. A conclusão é de um novo estudo encomendado pela CIP - Confederação Empresarial de Portugal, que é a base da conferência "O Futuro do Trabalho - A valorização do trabalho e dos trabalhadores", esta quinta-feira, em Lisboa.
Em declarações à TSF, António Saraiva, presidente da CIP, destaca que o futuro do trabalho representa um desafio enorme para os empresários, para os sindicatos e para o Governo porque vai existir uma maior procura por trabalhadores com muitas qualificações.
"O que está em causa é uma aposta na formação profissional, na reconversão profissional - porque algumas profissões vão ser alteradas e outras vão pura e simplesmente desaparecer", afirmou.
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"A tecnologia e a sua evolução vai exigir mais de cada um de nós em termos de conhecimentos e isso vai levar a uma maior especialização, mas também a incorporação de valor nos produtos e serviços e a melhor redistribuição salarial", defendeu António Saraiva.
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O presidente da CIP considera que, no futuro, a evolução salarial será ditada pelo "mérito". "É assim que a sociedade deve evoluir. Cada vez mais, a exigência leva-nos a isso: à obtenção de resultados", declarou.
Já Arménio Carlos, secretário-geral da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP), admite que a "modernização tecnológica é inevitável", mas que o respeito pelos trabalhadores tem de imperar.
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"Essa evolução tecnológica tem que estar sempre associada ao respeito pela valorização dos trabalhadores e do trabalho", defendeu Arménio Carlos."Isso implica que o ser humano, enquanto trabalhador, seja sempre a primeira referência para qualquer alteração que se verifique. Não pode ficar prejudicado."
"A mais-valia que a ciência e a tecnologia produzem tem de ser distribuída de outra forma pela sociedade", frisou o sindicalista, afirmando que o se tem verificado é uma "acentuação das desigualdades". "Quanto mais evolui a modernização tecnológica, mais se verificam as distâncias entre povos, entre países e entre trabalhadores."