Marcelo “não está preocupado” com regresso ao défice e aponta a Centeno “muito agarrado e muito apertado” com contas

Marcelo Rebelo de Sousa
Tiago Petinga/Lusa
O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, é um dos possíveis sucessores de Marcelo
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O duelo é entre Luís Montenegro e Mário Centeno, no final de contas, o Presidente da República parece colocar-se ao lado do primeiro-ministro. Marcelo Rebelo de Sousa considera que a previsão do Banco de Portugal de que o país vai regressar ao défice no próximo ano é também “um aviso político”, admite que não está preocupado e lembra o passado do governador do Banco de Portugal (que pode entrar na corrida ao Palácio de Belém).
O boletim económico de dezembro do Banco de Portugal aponta para "o regresso a uma situação deficitária" em 2025, de 0,1% do Produto Interno Bruto, depois de vários anos com contas públicas saudáveis. Marcelo vê a previsão como “um aviso político”, mas está confiante que o Governo tem “margem de manobra”.
“Aquilo é mais do que uma previsão, é um aviso político do governador do Banco de Portugal. Como quem diz, no ano que vem, não vos largo quanto a este ponto."
Marcelo Rebelo de Sousa lembra o passado de Mário Centeno, como ministro das Finanças de António Costa, quando mostrava ser “muito agarrado e muito apertado” com as contas públicas, já que “mais vale prevenir do que remediar”.
“Sempre foi muito exigente e muito ortodoxo. Naquela idade já não muda. Prefere prevenir sempre, apertar sempre. Era a grande questão com os colegas do Governo: eles a quererem gastar e ele a querer apertar”, recorda, numa referência às cativações que marcaram os primeiros anos de António Costa.
O Presidente da República centra o aviso do Banco de Portugal em Mário Centeno, numa altura em que o antigo ministro é um dos nomes lançados para a corrida à sucessão de Marcelo na área socialista. E, no final de contas, a principal figura do Estado coloca-se ao lado do Governo.
“Não estou preocupado, neste sentido: ainda não começou o ano. Estou preocupado com a situação internacional, estou, mas tenho a noção de que um Governo minimamente atento percebe, se estiver a correr mal lá fora, que não tem tanto dinheiro para poder gastar. Portanto, o Governo naturalmente tem espaço de manobra para ver o que se passa e para não gastar aquilo que possa dar um défice”, antevê.
Luís Montenegro já tinha dito que a previsão de Mário Centeno estava “em contramão”, e Marcelo parece ter a mesma ideia. Declarações antes de um almoço com sem-abrigo para cumprir a tradição. Tem sido assim desde que Marcelo Rebelo de Sousa se mudou para o Palácio de Belém.
No início da semana, o Presidente admitiu que Portugal falha com as pessoas em situação de sem-abrigo e pediu uma estratégia ao Governo. Acabar com as pessoas sem abrigo é uma bandeira da presidência de Marcelo, mas o número está mais alto do que as previsões: há mais de 13 mil pessoas em situação de sem-abrigo em Portugal.