Explica-me as finanças como se tivesse 5 anos. O dia em que Centeno foi à escola
O presidente do Eurogrupo foi conhecer o Clube da Europa da EB2+3 Francisco Arruda, em Lisboa.
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Os alunos puderam mostrar os trabalhos que fazem sobre a construção europeia mas, mais que isso, tiveram a oportunidade de questionar Mário Centeno com as perguntas que inquietam os jovens cidadãos Europeus.
A Escola Básica Francisco Arruda, em Lisboa, faz parte da rede de 286 Clubes europeus que existem nos estabelecimentos de ensino em Portugal.
Acompanhados por estudantes da Escola Secundária Pedro Nunes, os alunos do ensino básico começaram por ouvir Mário Centeno contar um pouco da história da Europa e da construção europeia que arrancou com a constituição da Comunidade do Carvão e do Aço.
Centeno destaca a "boa ideia" de Robert Schuman, então ministro francês dos Negócios Estrangeiros e que "foi promovido a ministro das Finanças, porque quem tem ideias muito boas nalgum momento passa a ministro das Finanças", ironiza Mário Centeno.
Para o ministro, a Europa de hoje já não é um mito mas, a julgar pela perguntas dos estudantes, a Europa unida é uma construção política com pedras soltas.
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A Margarida quis saber "porque é que os países do norte duvidam sempre dos países do sul?"
Mário Centeno considera esta divisão uma "ideia simplista". O presidente do Eurogrupo revela que "existem diferenças, mas elas não são necessariamente representadas entre o norte e o sul. Nós temos que saber viver com elas e temos que saber integrar" essas diferenças.
Noutra pergunta, Vitória mostrou estar preocupada com os novos rumos que alguns países estão a tomar, como é o caso do Brexit, que a aluna pensa ser "o sintoma de várias correntes nacionalistas" que estão a espalhar-se pela Europa.
Para o ministro, o Brexit é "uma má tradução política do sentimento popular". Sem querer colocar em causa o resultado do referendo, Centeno pensa que "deveria ter havido uma resposta do ponto de vista político que respondesse ao desafio" colocado pela campanha do Brexit.
Duarte desabafou que se sente mal quando houve dizer que a Europa não tem confiança em Portugal e identificou Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha [Spain] como os PIGS ("porcos", em inglês). Este aluno quis saber se "hoje em dia ainda somos os PIGS ou já temos a confiança da Europa?".
O ministro das Finanças respondeu que "temos as conta públicas em ordem" e que isso permitiu, "no corolário deste processo, termos como presidente do Eurogrupo um ministro da Finanças português. Garantidamente, essa sigla saiu do vocabulário europeu por estes dias".
Já Simão preferiu fazer uma pergunta mais política e quis saber se "concede algum mérito ao anterior Governo pela atual situação nacional?"
Centeno não foi direto na resposta e disse que "hoje é dia de valorizar todos mas, em particular, a ideia de Europa que não pode excluir ninguém. Eu acho que o momento que nós vivemos em Portugal, hoje, é singular; um período político em que todos participam".
Estas perguntas e respostas sobre a Europa e Portugal ao presidente do Eurogrupo foram feitas por jovens do 12 aos 17 anos.
No final, Centeno confessa ter dois temas difíceis para resolver em cima da mesa de Bruxelas: o fim do programa de ajuda económica à Grécia e a reforma da União Económica e Monetária (UEM).