Mario Draghi alerta para crescente risco de instabilidade de preços na zona euro
A zona euro enfrenta um crescente risco de preços instáveis, afirmou o presidente do Banco Central Europeu (BCE), numa entrevista publicada hoje, numa altura em que aumentam os receios no bloco relativamente a uma eventual deflação.
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«O risco de não cumprirmos o nosso mandato da estabilidade de preços é maior do que há seis meses», afirmou Mario Draghi, ao jornal financeiro alemão Handelsblatt.
A inflação na zona euro caiu para 0,3% em novembro, um nível apontado como alarmante e que o BCE advertiu para a possibilidade de vir a cair ainda mais este ano devido à queda do preço do petróleo.
O abrandamento desencadeou receios que o bloco possa vir a entrar em deflação, uma espiral perigosa de descida dos preços que pode estrangular o crescimento económico, cujo risco de ocorrer Draghi considerou ser «limitado», apesar de ressalvar que o conselho de administração do BCE foi «unânime» ao defender a intervenção do banco para estabilizar os preços se for necessário.
«Estamos em preparações técnicas para ajustar o tamanho, velocidade e teor das nossas medidas no início de 2015 caso se torne necessário reagir a um período muito longo de baixa inflação», afirmou.
A baixa inflação da zona euro tem dominado as preocupações do Banco Central Europeu (BCE), que tem como principal mandato ter, a médio prazo, uma taxa de inflação próxima, mas abaixo de 2%.
Neste sentido, o banco recorreu já a uma série de ferramentas para atingir essa meta, estando atualmente a equacionar a possibilidade de avançar com um programa de compra massiva de dívida soberana ('quantitative easing').
Na quarta-feira, o economista chefe do BCE, Peter Praet, afirmou, em entrevista ao jornal alemão Boersen-Zeitung, que a zona euro pode assistir a períodos de «inflação negativa durante uma parte substancial de 2015», essencialmente devido à queda dos preços do petróleo e que o Conselho de Governadores do BCE «não pode apenas ficar a olhar» para o problema sem tomar medidas.
Na entrevista ao Handelsblatt, citada pela agência AFP, Mario Draghi defendeu que o bloco poderá enfrentar «um período longo de fraqueza -- mais do que uma crise --», mas afirmou estar «cautelosamente otimista» de que as medidas do BCE se irão revelar suficientes para uma retoma do crescimento em todos os países da zona euro em 2015.