A adjudicação da linha vermelha do Metrobus, o sistema BRT - Bus Rapid Transit de Braga, foi atribuída à construtora de Guimarães em concurso público. Trata-se de um investimento de 32 milhões de euros, que terá financiamento do PRR
Corpo do artigo
O grupo MCA ganhou o concurso público para construir a Linha Vermelha, a primeira de quatro previstas para o Metrobus de Braga. A adjudicação ao grupo construtor com sede em Guimarães é no valor de 32 milhões de euros, numa altura em que o município tem 76 milhões da “bazuca europeia” para erguer toda a infraestrutura de suporte a este primeiro troço do projeto.
Para a presidente da TUB - Transportes Urbanos de Braga, trata-se apenas do primeiro passo de um projeto mais ambicioso, que ao todo inclui quatro linhas: vermelha, amarela, verde e azul. Olga Pereira afirma que “esta é uma grande ambição e uma necessidade diagnosticada desde 2019 no Plano de Mobilidade Urbana Sustentável".
"Estamos atentos à necessidade de prestar o melhor serviço aos nossos cidadãos, para conseguir que eles troquem as suas viaturas individuais por modos de deslocação mais sustentáveis”, refere.
Olga Pereira lembra que o município trabalha afincadamente nesse processo desde 2021, com uma série de estudos necessários para a sua concretização, mas reconhece que este “é um processo complexo, mas que representa uma ambição fundamental para a cidade, que é ter este tipo de transporte de alta capacidade. Depois de uma série de estudos chegamos à conclusão de que, analisando a relação custo-benefício, o transporte de alta capacidade que melhor se adaptava à nossa cidade era o BRT”.
A presidente da TUB sublinha que o concurso público de conceção-construção envolveu várias empresas e acabou por ter um caderno de encargos exigente, confirmando que a adjudicação, por cerca de 32 milhões de euros, foi atribuída à MCA, uma construtora de Guimarães.
As vantagens do BRT vão estar em debate na próxima segunda-feira, dia 22 de setembro, numa iniciativa do Portugal Mobi Summit que marca o fim da semana europeia da mobilidade, no auditório do Centro da Juventude de Braga.
A cidade vai ter várias unidades BRT, no fundo, autocarros de alta capacidade, com uma extensão de 18 metros, que vão circular em faixas dedicadas em 80% do percurso, sendo que fora dessas zonas o Metrobus terá sempre prioridade semafórica.
Para a responsável máxima pela mobilidade urbana da cidade dos arcebispos, “o BRT é um meio de transporte eficaz e fiável, vai ter uma frequência de seis em seis minutos. Vai ser extremamente confortável e vai estar dotado de tecnologia de última geração, incluindo acesso à internet dentro dos autocarros. O Metrobus vai suprir os atrasos a que normalmente os autocarros estão sujeitos na rede regular e permitir montar uma operação regular a partir do estudo realizado sobre este meio de transporte e redefinir a rede de maneira a torná-la mais eficaz”.
O primeiro troço desta concessão será a linha vermelha, que liga a estação da CP ao hospital, passando pela Universidade do Minho e que, por imperativo contratual, terá de estar pronta até junho do próximo ano. Olga Pereira garante que “o plano é mais ambicioso e passa pela construção de uma rede de quatro linhas, sendo o PRR apenas a oportunidade de dar início a este projeto que tem de ter um sistema de funcionamento em rede e não pode funcionar de forma isolada, só como uma linha, porque só assim o tornará efetivamente competitivo”.
Ainda sem orçamento definido ou prazos fixados, a futura rede BRT de Braga inclui outras três fases. A segunda passa por construir a linha amarela, que vai ligar a estação ferroviária à avenida Robert Smith. A terceira e quarta fases têm prevista a construção das linhas verde e azul, com ligações ao espaço da Nova Arcada e do hipermercado E.Leclerc, prevendo a criação de parques de estacionamento que permitirão aos utentes estacionarem as suas viaturas, de forma segura e confortável, e apanharem o Metrobus para qualquer parte do centro da cidade.
Olga Pereira esclarece ainda que “a futura linha amarela está pensada para ter ligação ao futuro BRT que vai ligar Guimarães a Braga e também à estação ferroviária da alta velocidade, que, de acordo com aquilo que está previsto, deverá começar a sua construção em 2028 e terminar em 2032, e está dependente do seu financiamento”.
Neste momento, Braga tem cerca de 76 milhões de euros para criar as infraestruturas necessárias à viabilidade do projeto, como apoios de manutenção, oficinas, veículos e estações. Este é um valor que leva Olga Pereira a crer que “se a maior parte da infraestrutura for construída nesta primeira fase, irá suportar toda a rede necessária para o funcionamento do BRT e aliviar os custos das próximas três linhas a construir”.
A responsável pela mobilidade na cidade de Braga conclui ainda que “o BRT também representa uma oportunidade para corrigir uma série de fraturas e cicatrizes urbanas que vêm do passado". "Vai permitir-nos humanizar a cidade.”
Em jeito de balanço de mandato, adianta ainda que “a equipa está a fazer um trabalho enorme para tentar que os cidadãos façam esta transformação modal".
"Somos uma cidade bastante centralizada e sabemos que 40% das 70% de pessoas que saem de casa de carro todos os dias de manhã o fazem para percorrer uma distância inferior a três km. Por isso, consideramos que é fácil, ou relativamente fácil, fazer essa distância em modos alternativos de deslocação. Temos insistido muito em criar condições para que as pessoas caminhem e para que andem de bicicleta”, acrescenta.
A esse propósito, recorda a criação de uma série de ciclovias urbanas em via dedicada, outras em coexistência, para que a cidade seja utilizada como uma “sala de espera dos munícipes” e seja um espaço privilegiado para socializar, com atividades comerciais e de lazer, além do investimento realizado quer no transporte escolar, com o pedibus, ou o ciclo-expresso, com o schoolbus. Acredita ainda que, por esta via, “a cidade será capaz de diminuir a poluição, melhorar a qualidade do ar e de vida para todos”.