Numa entrevista à RTP, Angela Merkel explicou que é «preciso fazer mudanças dolorosas e não será no dia seguinte que haverá mais empregos e mais investimento».
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A chanceler alemã entende que não há motivos para Portugal renegociar com a troika ou pedir um novo resgate e considerou que «Portugal cumpre os compromissos assumidos corajosamente».
Numa entrevista à RTP, transmitida na véspera da visita de Angela Merkel a Portugal, a chanceler germânica mostrou-se convencida de que o «resultado será bom, mas a dificuldade está nas reformas, que precisam de tempo para ter efeito».
«De uma forma geral, é preciso fazer mudanças dolorosas e não será no dia seguinte que haverá mais empregos e mais investimento. É preciso aguardar algum tempo. As pessoas ainda não vêem o resultado, mas esse resultado virá», adiantou.
Merkel considerou ainda que a visita que inicia na segunda-feira a Portugal «serve também para ver o que se pode melhorar na cooperação entre empresas para gerar mais empregos, para que baixe o desemprego jovem e para que haja força económica em Portugal».
A chefe do governo alemão rejeitou ainda ser responsabilidade pela austeridade imposta a Portugal e lembrou que foi a troika que negociou o memorando com Portugal.
«Tenho ouvido as críticas e estranho um pouco, porque foi a troika, composta pela Comissão, FMI e BCE, que negociou os acordos com os respetivos países. Não são ideias minhas, são o resultado da convicção de que Portugal tem de fazer reformas», frisou.
Merkel defendeu que é preciso «combater o défice e reforçar a base económica», um «processo que é duro, moroso, que exige muitos sacrifícios».
«Por isso, a minha visita é uma contribuição para mostrar que nós, na parte alemã, queremos ajuda. Estou convencida que no fim do caminho haverá um futuro melhor para Portugal e por isso continuo fiel a estes programas, mas não foi eu a inventá-los», sublinhou.
A chanceler aproveitou ainda para desvalorizar os protestos que estão marcados para a sua visita, uma vez que o direito à manifestação, «sem recurso à violência», é um «progresso para todos os nossos países num enquadramento democrático».
«Acredito que muitas pessoas vão mostrar as dificuldades que têm com as medidas de austeridade. Vivi muitos anos na RDA , onde não se podia fazer protestos», adiantou Merkel, que disse ter um «maior respeito pelo que está a ser feito» em Portugal.