
Mário Centeno
Álvaro Isidoro/Global Imagens
Mário Centeno disse hoje que "a expectativa é que ao longo do ano de 2016" as taxas de crescimento da economia acelerem para concretizar "os desejos todos" e o que está escrito no Orçamento do Estado.
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"É necessário ter confiança que conseguimos repor a economia em crescimento. Os 0,2% [de crescimento do PIB] do primeiro trimestre são iguais aos 0,2 do quarto trimestre. A expectativa é que ao longo do ano 2016 essas taxas acelerem e que consigamos materializar aquilo que são os desejos todos e também aquilo que está escrito no Orçamento do Estado", declarou Mário Centeno em Paris, na sede da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), onde participa no fórum anual da instituição.
O titular da pasta das Finanças acrescentou que os números do Instituto Nacional de Estatística (INE) publicados esta terça-feira revelam que "há uma necessidade de reforçar as expectativas para que o investimento se possa materializar", alertando que "a economia portuguesa sofre nesta fase de alguns eventos externos", como "as dificuldades sentidas em mercados específicos como Angola e Brasil nos últimos meses".
Esta manhã, em entrevista ao canal de negócios CNBC, o ministro disse que "a paciência é a essência para a recuperação económica", uma ideia que defendeu em declarações aos jornalistas portugueses em Paris, sublinhando que "a pressão económica e financeira sobre a Europa é muito grande" e que deve haver um alinhamento "na capacidade de esperar que elas [as medidas] surtam os seus efeitos".
"A paciência a que eu me referi é uma dimensão - até quase que de análise económica - em que nós trazemos um conjunto de reformas que foram feitas na economia portuguesa, um conjunto de alterações que estão a ser implementadas neste momento, para que todas as instituições envolvidas, concordando com as medidas, adicionem o tal fator de paciência que significa o tempo para que estas medidas se materializem em termos económicos", acrescentou o ministro.
Montante da injeção de capital na CGD "ainda não está decidido"
O ministro das Finanças disse também hoje, em Paris, que "ainda não está decidido o montante" da injeção de capital na Caixa Geral de Depósitos (CGD).
"O processo de capitalização da Caixa é um processo que já vem de trás. Está a ser debatido com as instituições europeias, quer com a Direção Geral da Concorrência, quer com o BCE e o Mecanismo Único de Supervisão e percorrerá os seus trâmites normais nessa dimensão", declarou.
Questionado sobre as dificuldades do processo, o ministro considerou que "a dificuldade surge" quando não são esclarecidas as situações "dentro das regulamentações que existem na Europa".
"Todos nós conhecemos quais são as restrições que essas regulamentações põem. É necessário entender os estatutos da Caixa Geral de Depósitos no sistema bancário português enquanto banco detido pelo Estado, e estou em crer que essas características fundamentais, quer na relevância no sistema quer na detenção pelo Estado, vão ser tidas em consideração pela Direção Geral da Concorrência e pelo BCE e serão, obviamente, também tomadas muito a sério pelo Governo nas suas negociações", afirmou.
Mário Centeno sublinhou que "obviamente o objetivo que tem que estar presente é que a injeção de capital não tenha impacto no défice", explicando que "as características dessas injeções de capital em empresas públicas dependem sempre da sua natureza e dos seus impactos".
Quanto ao prazo para a conclusão do processo, o ministro não indicou datas. "O processo está a desenvolver-se" e está a ser tratado "diretamente com a Comissão Europeia", reafirmou, acrescentando, no entanto, que embora não possa ser "um processo que demore muito tempo", "não há datas limites para o fechar".