Ministro explica que não pode haver crescimento com «dívidas demasiado elevadas»
O ministro da Economia e do Emprego, Álvaro Santos Pereira, defendeu hoje, em Coimbra, que «não pode haver crescimento económico com dívidas demasiado elevadas» e que quem pensa o contrário «não percebe de economia».
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Por vezes, «ouve-se dizer que o crescimento económico» não «tem a ver com as finanças públicas, que há demasiadas finanças e pouca economia», mas, «quem diz isso, não percebe de economia», afirmou o governante, que falava na sessão de encerramento do XII Encontro Nacional de Estudantes de Economia (ENEEC).
«Não pode haver crescimento económico com dívidas demasiado elevadas», disse Álvaro Santos Pereira, sustentando a ideia a partir de uma analogia com «uma família excessivamente endividada», que tem de afetar «grande parte do rendimento para pagar juros», ficando, por isso sem capacidade para consumir e investir.
É «condição 'sine qua non' para sairmos da situação» atual do país, «invertermos o elevadíssimo endividamento», sublinhou o ministro, dirigindo-se aos estudantes, oriundos de diferentes pontos do país, que enchiam quase por completo o auditório da Faculdade de Economia, onde decorreu, entre a noite de sexta-feira e a tarde de hoje, a maior parte das sessões do ENEEC.
Uma das «grandes condições» para Portugal «conseguir crescer - que significa criar emprego - é baixar a dívida, é a consolidação orçamental», salientou, considerando que «é por isso que a austeridade é tão importante».
Mas «a austeridade, obviamente, não chega», reconheceu Santos Pereira.
«Se nós estivéssemos numa situação [financeira] boa, estávamos há muitos anos a crescer, mas a verdade é que Portugal não cresce ou pouco cresce desde 2000».
Portugal adotou, «mais ou menos» desde aquela altura, «um modelo económico errado», apostando nos «setores protegidos», nos bens «não transacionáveis e não abertos à concorrência externa» e baseado no consumo («consumimos todos - Estado, empresas, famílias - em demasia») e no endividamento, que levou a uma «situação insustentável», que obrigou à assinatura do memorando de entendimento com a troika, afirmou Santos Pereira.
Além disso, o país não tem tido «coragem para implementar» reformas, designadamente, no sentido de combater a falta de competitividade.
A justiça, a «rigidez laboral», a burocracia e a concorrência são, na perspetiva do ministro os «grandes problemas» que explicam a falta de competitividade da economia portuguesa.
Por isso, foram tomadas, pelo atual governo, algumas medidas e outras serão adotadas, acrescentou o ministro, exemplificando com «a nova lei das insolvências» (que «muda o paradigma da reestruturação empresarial»), a legislação que está a ser preparada em relação aos licenciamentos e as privatizações de empresas públicas.