O grupo automóvel PSA alertou que se o modelo de pagamento das portagens se mantiver anexado à altura dos veículos poderá estar em causa o investimento na fábrica do grupo em Mangualde.
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Em conferência de imprensa, Alfredo Amaral, o diretor-geral do grupo PSA (Peugeot, Citroen, DS e Opel) para o comércio em Portugal explicou que o futuro furgão comercial ligeiro, denominado atualmente pelo nome de código K9, poderá chegar a um máximo de produção de 100 mil veículos anualmente, dos quais 20% no âmbito nacional, em 2019.
Por ter mais de 1,10 metro de altura, esta viatura, com o modelo atual de portagens, será incluída na classe dois e assim pagar mais portagens, pelo que, em Portugal, o veículo não será vendido, previu o responsável, que quando questionado sobre se esta situação coloca em perigo o investimento na fábrica de Mangualde, respondeu afirmativamente.
"Não queremos nenhuma exceção, queremos é que a regulamentação mude", resumiu o responsável, referindo a necessidade de uma resposta oficial "antes do final de junho" para não haver impacto na fábrica de Mangualde. A fábrica deverá garantir a produção do K9 "no seu ciclo de vida", que depende da aceitação do mercado, e o período posterior ficará depois em dúvida se a situação se mantiver, referiu.
O responsável adiantou que o primeiro impacto, caso se mantenha a situação, será ao nível do emprego, com a possibilidade de o novo terceiro turno, com mais de 200 trabalhadores e a laborar a partir de abril, terminar em outubro, altura em que se deve iniciar a produção do novo modelo. No caso de a situação se manter, o "impacto imediato é sobre o emprego", precisou.
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O diretor-geral notou a posição "oportunista" das concessionárias das autoestradas, que está, porém, dentro da legalidade, até haver uma alteração, que os construtores pretendem em termos de definição das classes consoante o peso e não de altura.
"Mas há um interesse económico do próprio país que deve ser tomado em consideração numa negociação que está em aberto com as entidades governamentais", considerou o responsável, referindo que até agora a resposta do Governo tem sido "política", no sentido de garantir que haverá uma solução.
A alteração do modelo de portagens com 30 anos foi conversada com o anterior Governo de coligação PSD/CDS-PP, assim como com o atual executivo socialista, que "dinamizou um grupo de trabalho, cujas conclusões foram entregues em setembro/outubro", lembrou.
A conferência de imprensa serviu ainda para registar a quota de mercado do grupo em Portugal, de 18%, no último ano, à qual se juntando a Opel passa a ser de 23%, enquanto nos veículos comerciais esse valor é de 37%.
O grupo contabilizou ainda 60 mil unidades vendidas, a superação dos mil milhões de euros em volume de negócio e atualmente conta com 624 empregados na área do comércio e gerou quase cinco mil postos indiretos. Na indústria, conta com 950 empregos diretos e 53.600 veículos produzidos no ano passado, o que equivale a 32% da produção nacional.
Foi também apresentado o novo modelo de negócio, que conta com uma rede de oficinas multimarca, que até 2020 deverá significar um investimento de 1,5 milhões de euros, assim como distribuição de peças de diversas marcas para ampliar a base de clientes.
Para breve ficaram prometidas novidades no âmbito do modelo de mobilidade para a região de Lisboa, nomeadamente de partilha de carros.