Paga pouco e despreza a geração mais bem preparada de sempre. Retrato do trabalho em Portugal
A qualidade do trabalho e os salários continuam baixos em Portugal, alerta a OIT.
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A Organização Internacional do Trabalho (OIT) publica esta sexta-feira um relatório intitulado "Emprego Decente em Portugal, da Crise à Retoma".
A OIT reconhece que houve "implicações severas para o mercado de trabalho" resultantes do período de ajustamento e agora em plena retoma "apesar do aumento do emprego, a qualidade do trabalho e os salários permanecem baixos."
O principal problema do mercado de trabalho evidenciado pela OIT tem a ver com a chamada segmentação. Ou seja, de acordo com a organização existe um grande número de empregos temporários e a OIT diz mesmo que "os jovens têm o acesso racionado a empregos estáveis e seguros", mesmo sendo a geração mais bem formada da história de Portugal.
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Por outro lado, a OIT reconhece que "os salários permaneceram, nos últimos anos, quase estagnados em termos reais e são baixos em relação à média da União Europeia".
Para contrariar esta tendência a OIT aconselha a "alinhar os salários aos ganhos de produtividade" e o Governo deve avançar, no curto prazo, com estímulos fiscais já que "a despesa pública poderia ajudar a aumentar o investimento produtivo privado", aconselha.
Ao mesmo tempo fica o aviso: "as tentativas de reduzir a dívida externa não devem comprometer o investimento público".
A OIT alerta ainda para a desregulação dos horários de trabalho em Portugal. "O número médio de horas semanais de trabalho aumentou em média uma hora - entre 2009 e 2016 - e mais ainda para as mulheres."
Em Portugal, as horas extra significam quase sempre "mais trabalho por menos dinheiro", pode ler-se no relatório.
Para esta agência das Nações Unidas, "o caminho a seguir está no fortalecimento da posição competitiva do país, ao mesmo tempo em que garante oportunidades para empregos seguros e bem remunerados para todos, apoiados por medidas adequadas de proteção social", conclui a OIT.