Carlos Neves, o presidente da Associação dos Produtores de Leite de Portugal (APROLEP) diz que o setor não pode viver sistematicamente dependente das ajudas.
Corpo do artigo
A APROLEP reivindicou o aumento do preço do leite, afirmando que os produtores não querem depender de subsídios, mas receber um preço justo pelo fruto do seu trabalho.
"Falta agora o mais importante: aumentar o preço do leite ao produtor", lê-se num comunicado da APROLEP, no qual a associação lembra os últimos "dois anos com preços baixos" e um 2016 de "esforço brutal de conter a produção e de muitas lutas dos produtores na rua a defender os produtos lácteos portugueses".
A APROLEP sublinha que "é tempo de aumentar o preço do leite à produção" e "tempo da indústria fazer um esforço para acompanhar a recuperação de preços que se regista nos mercados internacionais desde há meses".
"Reiteramos que os produtores de leite não querem depender de subsídios, querem receber um preço justo pelo fruto do seu trabalho e isso depende de uma repartição mais justa dos esforços entre distribuição, indústria e produtores, pois verificámos que os sacrifícios têm sido para os produtores e os lucros para o resto da cadeia", refere o documento.
O comunicado lembra a este propósito que as ajudas conseguidas em 2016 "foram extraordinárias e dificilmente serão concedidas no futuro", estando desde já prevista a redução das ajudas diretas à produção de leite em 2017 como consequência da reforma da Política Agrícola Comum (PAC) e das opções políticas do atual Governo.
"2016 foi um ano muito duro para os produtores de leite em Portugal, com preços extremamente baixos e limites significativos à produção, sendo por isso também um ano de intensa atividade para a nossa associação", diz ainda o documento.
A associação relata que foi um ano de "sofrimento, desânimo e desespero vivido por tantas famílias de produtores de leite" que foram obrigados a vender terrenos, animais de recria, atrasar pagamentos aos fornecedores ou endividar-se até ao limite junto de bancos ou familiares.
"Será preciso muito tempo, gestão apurada e um preço do leite superior ao atual para recuperar o perdido", diz a APROLEP.
Em declarações à TSF, Carlos Neves, o presidente da APROLEP explicou que um aumento de quatro ou cinco cêntimos seria suficiente para recuperar a situação dos produtores de leite.