"Não é de desconfiar." Digi chega a Portugal com preços mais baixos, Deco deixa conselhos aos consumidores
Os clientes da nova operadora de telecomunicações só vão ter um período de fidelização de três meses no serviço de banda larga fixa. Em tudo o resto, não há qualquer fidelização. A Deco considera que a nova empresa "vai fazer com que o mercado funcione pela positiva"
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A Deco está atenta à nova operadora de telecomunicações que vai funcionar em Portugal. A Digi, com origem na Roménia, foi apresentada, na segunda-feira, e oferece pacotes personalizados, com preços muito mais baixos e, em alguns casos, sem qualquer período de fidelização. Apesar das vantagens, Ana Sofia Ferreira, coordenadora do gabinete de apoio ao consumidor da Deco, considera que, à partida, não há motivos para desconfiar.
"O facto de aparecer uma nova empresa que apresenta ofertas disruptivas no sentido de combinações de serviços diferentes daquilo a que estávamos habituados, com preços diferentes, sem período de fidelização à partida, ou períodos mais reduzidos, não é de desconfiar à partida. Efetivamente isso pode ser possível e vem mostrar que estas novas empresas vão fazer com que o mercado funcione pela positiva para os consumidores", explica à TSF Ana Sofia Ferreira, alertando: "Aquilo que é necessário perceber é se os serviços que a empresa está, neste momento, apta a prestar são serviços com a qualidade que é exigível, se tem um apoio ao cliente e um apoio técnico compatível com aquele que é necessário apresentar perante os clientes."
Os clientes da Digi só vão ter um período de fidelização de três meses no serviço de banda larga fixa. Em tudo o resto, não há qualquer fidelização. A Deco acredita que isso poderá ter reflexos nas outras operadoras.
"A Deco sempre defendeu que o período de fidelização, contrariamente àquilo que é dito, não é necessário para que o mercado funcione", sublinha. A coordenadora do gabinete de apoio ao consumidor da Deco aponta que "quando foi reduzido o período máximo para 24 meses, não verificávamos que os preços dispararam ou que os operadores deixaram de poder prestar os serviços com qualidade".
"Acreditamos que isto possa ter impacto nos outros operadores que estão no mercado", assinala Ana Sofia Ferreira, deixando alguns conselhos a quem esteja a pensar mudar para a Digi: "Verificar-se no seu contrato não tem nenhum período de fidelização. O facto de estar a mudar para uma empresa nova que está a entrar no mercado não o desresponsabiliza das obrigações contratuais com o atual operador que esteja em vigor. Depois, verificar muito bem quais são essas ofertas e, antes de celebrar qualquer contrato, obter o máximo de informação, portanto, dizer claramente através de e-mail, por exemplo, quais são para si os serviços imprescindíveis, quais são as características imprescindíveis no contrato que pretende celebrar e se a Digi, neste momento, está em condições de garantir que aquele pacote ou aquela conjugação daqueles serviços, preenche esses requisitos. Só posteriormente, avançar com a contratação."
Segundo o administrador da operadora, Valentin Popoviciu, a Digi entra em Portugal com "preços competitivos e acessíveis desde o primeiro dia"."Estamos aqui a longo prazo", asseverou.
Os responsáveis da Digi adiantaram que têm 93% da população coberta com 2G e 4G e 40% com 5G nas áreas urbanas. No total, a empresa já realizou um investimento de 400 milhões de euros em Portugal, incluindo a compra da Nowo.
A operadora, que tem atividade na Roménia, Espanha, Itália - e está a preparar a entrada na Bélgica -, conta "já com mais de 800 empregos" em Portugal.
Valentin Popoviciu salientou que o desenvolvimento da rede da Digi "encontrou várias barreiras para entrar no mercado" português, nomeadamente na instalação do metro de Lisboa e em túneis, cujas aprovações não foram dadas, estando há um ano à espera disso.
"Criar barreiras artificiais no mercado não é bom", sublinhou, referindo que "a Digi ainda está à espera da 'luz verde' para implementar a primeira estação".
Por sua vez, Emil Grecu, presidente executivo (CEO) da Digi Portugal, disse que os serviços de televisão estão disponíveis desde o primeiro dia da oferta da marca, embora "alguns canais de desporto ainda não estejam disponíveis" nos conteúdos oferecidos.
A Digi inicia a operação comercial em Portugal com ofertas para clientes residenciais, sendo que as ofertas empresariais virão mais tarde.
A empresa adiantou que os preços "não mudam anualmente com a inflação" e os serviços, disponíveis desde o primeiro dia, são Internet de banda larga fixa a 1 Gbps, acesso à televisão para mais de 60 canais, telemóvel com 4G e 5G e "muito tráfego de dados".
A Digi Portugal é uma empresa de direito nacional que faz parte do Grupo Digi, com sede social nos Países Baixos e sede de gestão efetiva na Roménia, ativa no setor das telecomunicações na Roménia, Espanha e Itália, sob a marca Digi.
A operadora é detentora de direitos de utilização de um total de 95 MHz de espectro radioelétrico e de rede de fibra ótica em fase de instalação em vários pontos do país.