N'"A Opinião" da TSF, Manuela Ferreira Leite afirmou que se os sindicatos não mudarem, o seu trabalho vai tornar-se "inútil".
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Manuela Ferreira Leite considera que os sindicatos não podem reivindicar os direitos dos trabalhadores da mesma forma que o faziam antigamente.
No espaço de comentário que ocupa semanalmente na TSF, "A Opinião", a antiga ministra das Finanças defendeu que o mundo do trabalho caminha para uma realidade diferente e que, por isso, os sindicatos têm de perceber que já não podem existir no mesmo modelo em que existiam.
"O crescimento económico vai passar por uma evolução tecnológica a que corresponda uma relação laboral completamente diferente", começou por defender Manuela Ferreira Leite.
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A propósito da questão das alterações à lei laboral, o primeiro-ministro já reconheceu que o Portugal e a Comissão Europeia estão em desacordo: Bruxelas considera que há um "excesso de proteção" dos trabalhadores com contratos permanentes ou efetivos, mas o Governo português discorda.
Na opinião de Manuela Ferreira Leite, o assunto não merece estar na agenda do país. "Não se percebe muito bem porque é que esta questão é palco de discussão neste momento", afirmou, na TSF. "Não estamos numa situação em que sejam violados princípios fundamentais dos trabalhadores e dos patrões".
A economista admite que, neste sentido, o papel dos sindicatos já foi "muito importante e muito útil", mas numa época em que os "deveres e obrigações entre trabalhadores e patrões" não eram cumpridos, o que, diz a antiga líder do PSD, já não é o caso.
"O que está em causa é uma realidade muito diferente", defendeu Manuela Ferreira Leite. "Não existem trabalhos para sempre e, portanto, a ideia dos direitos adquiridos é uma coisa que tem pouco sentido neste contexto laboral", referiu.
Para Manuela Ferreira Leite, o papel dos sindicatos dever ser "instruir e orientar o pensamento dos trabalhadores", fazendo-os perceber que "aquilo que têm de reivindicar são procedimentos que nada têm a ver com o que faziam" no passado. "Se os sindicatos não se convencem que a sua função deverá ser pedagógica, relativamente aos trabalhadores, (...) não se consegue nada", comentou.
Manuela Ferreira Leite admitiu, apesar de tudo, que a nova realidade laboral pode deixar os trabalhadores desprotegidos e que a a lei deveria acautelar esta questão, mas afirma que "isso não pode ser feito nos termos tradicionais em que se está a querer discutir a legislação".