Nobel da Economia: distinção de três personalidades destaca importância das "preocupações" dos premiados
Rui Leão Martinho defende, na TSF, que a temática explorada pelos laureados "mantém-se, infelizmente, atual" e apela para que todos prestem "muita atenção" às reflexões dos três premiados
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O Prémio Nobel da Economia foi, esta segunda-feira, atribuído a Daron Acemoglu, Simon Johnson e James A. Robinson, por demonstrarem a importância das instituições sociais para a prosperidade de um país. O ex-bastonário da Ordem dos Economistas Rui Leão Martinho considera que a distinção de três personalidades evidencia a pertinência das "preocupações" exploradas pelos premiados.
Em declarações à TSF, Rui Leão Martinho sublinha a importância da obra literária "Porque Falham as Nações", de Acemoglu e Robinson, para a atribuição deste prémio.
"Este livro era importante porque punha a sua tónica na maneira como vários países, a maioria deles colonizados antes, se tinham desenvolvido e fazia a distinção entre aqueles onde ficou um Estado de Direito, e onde ficaram determinado tipo de instituições, que depois são maneiras inclusivas para a sociedade se desenvolver, e condição sine qua non para o crescimento desses países, e aqueles em que não havia propriamente Estado de Direito, em que as instituições eram inexistentes ou bastante fracas, tendo esses países limitado-se a explorar os recursos, a população, sem gerar crescimento, progressão e desenvolvimento para os cidadãos", explica.
Os laureados demonstraram que uma das explicações para as diferenças na prosperidade dos países são as instituições sociais que foram introduzidas durante a colonização. A criação de instituições inclusivas gerou riqueza, enquanto as instituições extrativas, embora produzam ganhos a curto prazo para os detentores do poder, não melhoram a situação geral da população.
O antigo bastonário destaca ainda o trabalho destes investigadores para a economia atual e defende que a distinção de três personalidades diferentes eleva a pertinência das preocupações exploradas por cada um.
"Espalhando o prémio Nobel por três nomes diferentes faz com que também abranja uma maior parte daqueles que, conhecendo os trabalhos dos três, sabem que estas preocupações que eles exprimiram através de ensaios, de livros ou de conferências, são atuais e devem ser levadas em linha de conta por todos os países", nota.
Rui Leão Martinho defende ainda que a temática explorada pelos laureados "mantém-se, infelizmente, atual" e apela para que todos prestem "muita atenção" ao que pode ser ensinado através das reflexões dos três premiados.
"Tal como se sucede noutras áreas, nomeadamente na literatura, depois de serem premiados, são mais lidos, são mais compradas as suas obras, são mais divulgadas até a nível não só universitário ou académico, mas também a nível geral e foi positiva esta atribuição", afirma.
O Nobel da Economia foi o último prémio a ser entregue este ano. O Prémio do Banco da Suécia em Honra de Alfred Nobel, como é oficialmente designado, é o único que não foi instituído em testamento.
