Depois das eleições já foram feitas mais de 300 nomeações na CGD, a denúncia foi feita por Marques Mendes. Também Pacheco Pereira fala numa «escolha politizada» na nova administração.
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Depois da polémica com a escolha dos nomes para a nova administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD), na noite passada na TVI24, o antigo líder do PSD, Marques Mendes, denunciou que cerca de 300 novas admissões, sendo que dessas mais de 200 aconteceram entre Junho e Julho.
«No dia 1 de Janeiro, a CGD tinha 9672 trabalhadores, no fim do 1º semestre entraram mais 230, agora parece que já são 253, mas sobretudo são novas admissões, mas o que é estranho é que entraram quase todas depois da eleições de Junho. Outro dado [estranho] é que parece que durante este período houve nomeações, cerca de 319, mas cerca de 220 foram [também] depois das eleições», denunciou o antigo líder do PSD.
Marques Mendes acredita que não há coincidências, apontando o dedo ao PS por uma situação que considera «imoral».
«Parece que alguém vendo a derrota do PS nas legislativas, e sendo ligado ao PS, tratou rapidamente de 'colocar', não sei se é assim, mas o que é certo é que o administrador que estava lá [na CGD] com a área do pessoal, Francisco Bandeira, era do PS e era o homem forte da Caixa», lembrou.
«Eu não sei se foi por causa disso, agora que são graves coincidências são. Será que alguém acredita que são meras coincidências? Eu tenho muitas dúvidas e a não serem coincidências isto é tudo bastante imoral», concluiu Marques Mendes.
Também na noite passada, no programa Quadratura do Círculo, da SIC Notícias, Pacheco Pereira acusou o actual Governo de ter quebrado a promessa eleitoral ao fazer escolhas de cariz partidário para a administração da CGD.
«Isto é um processo mal conduzido e do ponto de vista simbólico mau para o Governo. Porque é o primeiro processo de escolhas numa empresa pública, e logo na CGD, e um dos aspectos centrais das promessas eleitorais deste Governo era exactamente que isto que aconteceu não iria acontecer», afirmou.
«Refiro-me à manutenção da politização, particularmente grave, do meu ponto de vista, quando estamos em vésperas do processo de privatizações», acrescentou Pacheco Pereira, esclarecendo que «politizado em Portugal é partidarizado».
No mesmo programa, Lobo Xavier, do CDS-PP, criticou também a nova administração do banco público, referindo que foram colocadas pessoas próximas dos dois partidos do Executivo.
«Não vejo nestas nomeações uma clara ruptura com os processos do passado. O ministro das Finanças admito que tenha a maior das boas fés e que tenha uma lógica nessas escolhas, mas nós não a percebemos como tal porque em grande medida isto é substituir a administração que estava depois de eleições por uma com vários militantes do PSD e um do CDS», destacou Lobo Xavier.