Vítor Bento, antigo presidente do Novo Banco, defende que a instituição pode ter um papel decisivo na definição da estratégia económica do país.
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O economista clarificou, no Fórum TSF, por que motivo considera que o Novo Banco deve manter-se na esfera pública.
Vítor Bento entende que a instituição pode e deve ser utilizada como um "instrumento" num processo de consolidação da banca nacional, que deverá acontecer nos próximos meses.
Esse processo pode seguir dois caminhos: "de fora para dentro, em que os bancos nacionais são tomados por bancos estrangeiros", acabando o setor financeiro português por ficar com o centro de controlo fora de Portugal; ou encontrar uma forma de consolidação interna, deixando no país o controlo da banca, revelando, assim, "alguma visão estratégica".
Nesse sentido, Vítor Bento aponta três bancos que podem fazer parte de um processo como esse: a Caixa Geral de Depósitos, o Novo Banco e o Banco Comercial Português.
Estratégia para décadas
O primeiro presidente do Novo Banco sublinha que "não há qualquer hostilidade ao capital estrangeiro", mas é preciso "moderação e qualidade", porque é preciso garantir a margem de manobra da economia portuguesa, o que não se faz se o domínio da banca nacional for externo.
"As decisões que se tomarem nos próximos tempos serão definidoras da margem estratégica do país durante algumas décadas".
Vítor Bento sublinha que não conhece nenhum país desenvolvido onde a banca seja toda estrangeira, devido ao seu "papel estruturante" no funcionamento da economia. Uma situação como essas tornaria a economia portuguesa "subsidiária e dependente".
O economista realça ainda que, por estes dias, o valor da banca nacional não é elevado, motivo que o leva a concluir que "este momento, em particular, é mau para vendas". Por isso, é preciso prudência quanto ao caso concreto da venda do Novo Banco.
Já em relação ao processo de consolidação da banca nacional, Vítor Bento acredita que "vai ser rápido" até por causa das pressões externas. "Desse ponto de vista, não há muito tempo para pensar no assunto".